Sexualidade das mulheres cadeirantes


Ser uma pessoa com deficiência física não é fácil, sempre existem dúvidas quanto a nossa realidade de estar sentado em uma cadeira de rodas. "Como é isso?.... Como é aquilo?.... E lá vão perguntas que nunca acabamos de responder durante a nossa vida inteira. 

Não estou criticando, sei que o ser humano é curioso e acho válido de querer saber como é, assim construiremos um mundo quem sabe, com menos preconceito e mais aceitação entre as pessoas. 

Uma das coisas que mais nos perguntam de "como vocês fazem sexo?" Às vezes dá vontade de responder: - Bom a gente começa desabotoando a camisa e.... Claro, não vou colocar detalhes aqui, mas que dá vontade, isso dá. 

O sexo é um tabu, imagina então, quando se tratando de pessoas com alguma limitação física, mas estamos aqui para desmistificar a vida sexual do cadeirante.

O sexo está sempre relacionado a cintura, bunda, pernas, então, as pessoas imaginam que como temos déficit nesses requisitos, a vida sexual não faz parte do nosso cotidiano. É bom lembrar que as pessoas em cadeiras de rodas são iguais a você em quase tudo, a única diferença é a mobilidade. Os sentimentos, as conversas, os interesses são iguais. 

Há algum tempo atrás acreditava- se que a pessoa com deficiência era assexuado. Você pode ser frígida, não sentir tesão, ter impotência, mas chegar pensar que somos assexuados está totalmente fora de questão. Sinto muito informar, mas temos vida sexual sim e de muita qualidade, eu garanto. (risos) 

Geralmente a família protege demais o deficiente, assim atrapalhando a vida sexual e afetiva do mesmo. Aceitar que nós, deficientes temos o direito de amar, que como qualquer pessoa precisamos de afeto, autonomia é o primeiro passo para nos tornar independentes sexualmente. 

Vou falar aqui como mulher e cadeirante e com as minhas experiências. (risos) Como alguns cadeirantes temos pouca sensibilidade da cintura pra baixo, muitas pessoas imaginam que não sentimos prazer. Claro, que cada pessoa é única, mas de modo geral as cadeirantes sentem prazer, orgasmo, igual a qualquer mulher, só que o jeito de chegar lá é um pouco diferente. Mas você vai me perguntar: Como é isso? Vamos por partes pra ficar com mais suspense. (risos) A principal diferença está na maneira de sentir prazer, uma vez que as zonas erógenas, responsáveis pelo prazer não estão mais ligadas á parte genital. 

Um beijo mais "quente", ou toque em uma parte não convencional, pode se tornar mais excitante que o habitual. O cadeirante explora mais os sentidos, e o estímulo visual ganha mais atenção. O prazer está diretamente ligado ao cérebro, então é válido explorar a imaginação. 

 O orgasmo é uma função cerebral. Segundo a sexóloga Laura Müller: "...No cérebro há o que se chama de centros de prazer: diversos núcleos onde se concentram as células nervosas responsáveis pelo prazer." Ou seja, é possível ter orgasmo sem sentir nada da cintura pra baixo. Alguns movimentos estão perdidos, mas mesmo assim podemos explorar de outros jeitos. 
Arrancamos algumas páginas do Kama Sutra e reinventamos outras, pode até não acertar na primeira tentativa, mas com jeito tudo se ajeita. 

Outra preocupação que as cadeirantes enfrentam é a questão fisiológica, esvaziar a bexiga antes da relação para não correr o risco de vazar, para elas isso é primordial. 

O preconceito é nato do ser humano, quando uma parte do casal não é deficiente, os andantes são vistos como heróis, corajosos por "assumir" uma grande responsabilidade. Quando, isso é uma grande bobagem, já que ninguém está à procura de um enfermeiro, e sim de namorados. E o que todo mundo quer é carinho, prazer e amor. Então, relaxa e curte o momento! E você vai me perguntar: Como fica a vida sexual depois de uma lesão medular? Eu respondo - Ela continua...

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