Conheça Ana Luiza...




Olá, leitores! Meu nome é Ana Luiza Schmidt Trippe Fernandes (me chamem só de Ana que é mais fácil kkkkkk)!

Tenho 18 anos, e ainda estou no primeiro ano do curso de Jornalismo da PUC-Campinas.

Tenho autismo desde muito pequenininha e aqui vou contar um pouco da minha história, dos preconceitos que sofri, da minha vida, das minhas conquistas, das minhas dificuldades e de uma coisa surpresa que vocês vão descobrir depois!

Preconceitos - Meus colegas da escola até Ensino Médio não foram muito bem comigo de início! Foi um preconceito do tipo 'Não quero ser seu amigo porque você tem deficiência'". No começo, "Triste" era uma palavra insuficiente para demonstrar meu sentimento. Mas o bom é que eu não desisti, fui fundo e mudei eles! E isso eu recomendaria para todas as pessoas com deficiência: vão fundo, provem que mesmo com a sua deficiência, você consegue fazer tudo! Promova debates e mostre para eles o seu potencial, como eu fiz! E é lógico, não vou dizer para não ligar para eles, mas procure gente que quer ser seu amigo! Hoje eu não me arrependo de ter procurado por gente de fora, que hoje me respeitam como amiga. E tenho a melhor turma de amigos do mundo, saio para caramba!!!

E lógico, esse não foi o único preconceito que sofri. Já tiveram várias pessoas em que eu me revelei que tinha deficiência e eles falaram: "Nossa! Nem parece!". Mas ultimamente estou dizendo: "Ei, cuidado com isso, porque vem do princípio de que toda a pessoa com deficiência é um idiota, problemático e dependente. E outra: o conceito de 'Normal' é deturbado, então cuidado. Aliás, o que é normal? Não ter deficiência?". Mas de qualquer forma, não sei o que é pior: isso ou quando elas começam a ter uma conversa do tipo "eu não tenho preconceito", como se na minha vida inteira, eu fosse uma coitadinha que só estivesse procurando alguém com quem me amar.

E eu também já tive várias vezes a minha acessibilidade negada. Não só meus colegas, mas várias outras pessoas da vida negaram minha acessibilidade! É horrível! Como se tirassem parte do seu ser e da sua história, pois acessibilidade é isso, parte de mim, parte da minha história. Eu seria um lixo sem a minha acessibilidade!

E esses foram os principais preconceitos que sofri durante a minha vida.

Minhas conquistas - eu já conquistei tanta coisa na vida! Talvez seja muito pessoal falar delas! Mas então vou dizer outra coisa: o quanto pessoas com deficiência são vistas como "O exemplo de superação" por simplesmente terem uma vida normal.

Eu não sou nenhum exemplo de superação para ninguém só porque tenho autismo e faço faculdade e saio com meus amigos. O que eu fiz durante a minha vida inteira, além da superação de várias fases difíceis, foi controlar o meu autismo. E entender que eu sempre terei autismo, isso não tem como mudar, mas como aceitar. E para os outros, digo novamente que não sou nenhuma heroína por ter autismo, apenas uma pessoa qualquer.

Minha história e a coisa surpresa - bom, tudo começou quando eu era bem pequenininha (tipo uns 6, 7 anos), quando fui diagnosticada com autismo. Houve uma preocupação inicial dos meus pais, normal. Mas logo no passar dos anos, fui acolhida pela minha mãe, que sempre esteve de braços abertos para a causa das deficiências. Foi como se ela tivesse me dito, no dia em que saímos do psiquiatra com o diagnóstico na mão, "Filha, não importa se você tem deficiência ou não, eu te amo do mesmo jeito". Esse foi o meu primeiro sinal de amor.

O meu segundo foi na escolinha primária, que foi apenas uma em todo o meu período escolar, desde que fui diagnosticada até o 3° ano do Ensino Médio. Quer dizer, nunca tive problemas de expulsão só porque tenho deficiência ou outras atrocidades do tipo. Mas a equipe escolar (diretoras, coordenadores, professoras, etc) todos sempre bateram muito na tecla da minha inclusão minha, coisa que facilitou muito meu período escolar e a minha inserção na faculdade.

Por causa desses sinais de luz na infância, eu cresci com acessibilidade. E não só ela, mas com uma coragem para revelar a minha deficiência (nos devidos limites, porque não pode se expor, né? Kkk).

E não só em revelar a minha deficiência, mas lutar a favor dos direitos das pessoas com deficiência! Mas isso foi mais no Ensino Médio, quando começamos a ter debates sobre questão de direitos humanos e até de política, como gênero, racismo, a questão da homossexualidade, legalidade da maconha, aborto, etc. E todos estavam sendo educados de maneiras que não desrespeitam os direitos de ninguém.

Só que havia um tema que eu sentia falta: pessoas com deficiência. As pessoas da classe não eram muito simpatizantes com pessoas com deficiência. Mas isso eu quem mudei, no meu segundo ano do Ensino Médio!

Bom, os meus professores tinham uma opinião bem inclusiva sobre o tema. Isso me deixou mais tranquila, pois sabia que eles não iriam falar abobrinhas sobre essas pessoas as quais eu me incluo. E assim fiz, ao final das aulas, conversando com vários.

E depois de várias conversas, consegui fazer com eles incluíssem a questão das pessoas com deficiência, em diversas aulas que eles davam, em diversos anos e diversas escolas.

E o resultado foi, bom, eu não tenho palavras! Foi emocionante ver, pela primeira vez, uma colega minha acrescentando argumentos em um debate sobre pessoas com deficiência!

Mas o mais emocionante: meus colegas passaram a me dar acessibilidade, coisa que a tempos eu sonhava com eles me dando. Acontece que como parte do meu autismo, eu tenho dificuldade de enxergar o que o outro sente. Então, quando eu fizer alguma coisa errada, preciso que alguém me indique, se não minha socialização não se desenvolve direito. E o fato deles passarem a me indicar essas coisas foi um divisor de águas, um marco para a minha vida!

E se engana pensar que quem só teve benefícios fui eu. Eles também tiveram uma mente aberta, ganharam empatia e ainda descobriram o potencial das pessoas com deficiência: basta dar acessibilidade.

E agora, gerações de classes iriam se influenciar pelos pensamentos e debates trazidos pelos meus professores, seja no meu colégio, seja em outros.


E isso tudo, meus caros, me fez perceber o poder do ativismo: você influencia pessoas, melhora seus corações, e protege minorias, tudo isso rumo a um mundo melhor!

E isso, mais o "esperar" por uma oportunidade (que me fez ter a ideia de criar a página), que foi um trabalho na minha faculdade em que eu tinha que criar uma página em alguma rede social relacionada a algum ativismo, eu criei, no Facebook, a SaberDeficiência!

Quero melhorar mais e mais pessoas, com e sem deficiência. Começou pelos meus colegas, agora vai para o mundo!

Bom, é isso, gente. Isso é um pouco sobre mim e sobre a minha deficiência. Se preferir, curte minha página do Facebook, SaberDeficiência (assim, tudo junto mesmo). Fechou-se, falou-se✌🏻!

Beijos,

Ana Luiza!"

Obrigada,

Atenciosamente, Ana Luiza, criadora e única responsável pela página do Facebook SaberDeficiência!
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