Deficiente visual faz aulas de pole dance em Manaus


Uma dança com muitos movimentos feitos em barras verticais. Assim é o pole dance, modalidade que testa o equilíbrio, a força e a flexibilidade. Um esporte democrático e inclusivo. Nas turmas da academia Top Life, na Zona Centro-Oeste de Manaus, a inclusão social surgiu quase que sem querer, e pelo menos há três semanas tem evoluído de forma natural.

Depois de receber uma aluna amputada, o professor Abidjan Cabral tem agora a missão de ensinar o pole dance a uma deficiente visual. Um desafio grande, segundo ele, mas ao mesmo tempo bastante satisfatório.

Renata Silva Moraes, 33 anos, perdeu a visão depois de um erro médico. Ela nasceu prematura e por isso passou um tempo na incubadora, mas, infelizmente, os olhos não receberam a proteção necessária, e ela acabou perdendo a visão ainda bebê. Há alguns meses enxergava 30%, mas agora está com 100% da vista comprometida.

Há pouco mais de uma semana, Renata, que é formada em História e pós-graduada em Educação Especial (deficiência visual), e que está desempregada, resolveu aceitar o convite feito pela prima para fazer uma aula experimental com o professor Cabral. E já no primeiro contato sentiu que iria se tornar uma aluna fixa.

“Eu decidi fazer a aula de pole dance porque era algo totalmente novo pra mim e no primeiro dia de aula eu já gostei. Me senti mais leve, mais tranquila. O Cabral é muito paciente, ele consegue me dizer com calma os movimentos e eu consigo reproduzi-los. Estou muito feliz, me sinto muito bem praticando o pole dance”, comentou Renata.



E a satisfação não é apenas da aluna, segundo Cabral ensinar o pole dance a pessoas especiais é uma grande oportunidade por ser algo diferente e inovador. “É uma oportunidade que estou tendo tanto para ensinar quanto para aprender. Não é fácil, afinal o que eu sei tenho que adaptar de acordo com as necessidades dela”, comentou o professor, explicando o diferencial da aula da deficiente visual.

“No caso da Renata a aula é sem som. Eu preciso de total silêncio para que ela possa me ouvir e tentar lembrar cada detalhe das manobras que eu falo. Eu não tenho como mostrar os movimentos. Então eu falo e ao mesmo tempo levanto as mãos e as pernas dela e também mostro a pressão que ela tem que usar. E o som iria atrapalhar isso”, completou.

Quem levou Renata para o pole dance foi a esteticista Caroline Martins, que acredita que o esporte serve como uma terapia para a prima. “É uma maneira dela praticar uma atividade física, mas ao mesmo tempo também de conhecer outras pessoas, fazer novas amizades. Eu fiquei muito emocionada quando ela fez a primeira aula. Dentro das limitações, ela ainda tem dificuldades para fazer alguns movimentos, mas está animada e focada em aprender”, revelou a prima, aluna de Cabral há mais de um ano.

Sem diferenças, nas aulas do professor Cabral, todos treinam juntos. Algumas alunas, no caso de Kayane e Renata, até recebem uma atenção maior, mas de modo geral todas são tratadas igualmente. Afinal, o esporte, mesmo que algumas pessoas tenham um pouco mais dificuldade e precisem se adaptar, é sempre inclusivo.



Via: www.acritica.com
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