Concurso coroa primeiro casal de Miss e Mister Cadeirante do DF


Sob os olhares atentos de cerca de 300 pessoas, além dos 13 jurados, Kallyna Karolina Sampaio, 24 anos, e Kal Brynner, 28, foram escolhidos como os representantes do Distrito Federal no concurso que selecionou o primeiro casal de Miss e Mister Cadeirante do DF. Apesar de morar em Vicente Pires, Kallyna foi representante do Lago Sul e Kal Brynner, de Sobradinho. Os dois enfrentaram várias etapas de um processo que durou aproximadamente dois meses e agora vão representar o DF na competição nacional de Miss e Mister Cadeirante, que ocorrerá em novembro, também no DF.

A cerimônia ocorreu na noite dessa segunda-feira (7/8), no JK Shopping, em Ceilândia. O resultado foi divulgado por volta das 22h. A Miss e o Mister DF 2016 ficaram responsáveis pela coroação do casal escolhido. Kallyna foi uma das 11 concorrentes da noite. A jovem conta que pretende ser referência em moda cadeirante. "Eu nem me considero a mais bonita daqui, mas minha vontade de ganhar era enorme. E isso vai me ajudar a alcançar esse meu sonho", afirmou emocionada.


Há dois anos, a jovem sofreu um acidente que a deixou tetraplégica. Depois disso, Kallyna precisou deixar o curso de Direito, mesmo estando no oitavo semestre. A mãe dela, Elizabeth Silva, 49, disse que ela já trabalhava como maquiadora e nunca passou um dia sem estar produzida. A moda, inclusive, faz parte do universo dela desde a infância. "Quando mais nova, ela não podia ouvir o 'clique' de uma câmera que já inclinava a cabeça para o lado e fazia uma pose. Hoje, ela tem um canal no YouTube em que dá dicas de moda e maquiagem", contou a mãe. 

O sonho de trabalhar na área de Direito, no entanto, ainda não foi esquecido. "Apesar de não ter concluído o curso, ela pretende terminá-lo e, depois, fazer um curso de moda para produzir peças para cadeirantes", afirmou a mãe de Kallyna.


Além de Mister Cadeirante DF, Kal Brynner, é paratleta de canoagem. Há 4 anos, ele foi campeão no Pan-americano de Canoagem Velocidade e Paracanoagem, na Cidade do México. Após saber o resultado, o jovem disse que a nova conquista só tem a agregar na carreira dele. "A gente tem um ano para ser Mister. Eu não sei como vai ser agora, mas pretendo me empenhar e mostrar a temática da inclusão para todos. Se for possível agregar isso com os esportes, melhor ainda", brincou.

Cerimônia

A noite começou com apresentações de música ao vivo e dança. Com jogos de luzes e músicas animadas, os participantes passaram pelo tapete vermelho da passarela duas vezes: na primeira, vestidos com roupas casuais; na segunda, com trajes de gala. Em cada uma das vezes, as concorrentes entravam acompanhadas por um candidato ao concurso de Mister DF Universo. Já os rapazes, por uma candidata do Musa DF Universo.

Carolina Cruz, 32 anos, é vendedora e amiga de Kallyna. Ela contou que também soube do concurso, mas não teve interesse em participar. "Preferi vir torcer por eles", afirmou. Ela  ainda acrescentou que a iniciativa promove uma maior visibilidade da pessoa com deficiência. "A gente também gosta de se vestir bem. Eventos assim trazem destaque para questões como moda inclusiva e acessibilidade", observou.

A mesa do júri foi composta por médicos, enfermeiros, psicólogos, misses, misters, representantes de organizações não governamentais (ONGs) e procuradores federais. Eles avaliaram a presença de palco, a motivação, a alegria e a desenvoltura de cada um dos 23 candidatos.

O jurado e doutor em ciências da saúde Rinaldo Neves afirma que realizou pesquisas sobre os principais problemas enfrentados por paraplégicos. Segundo ele, dentre os principais estão aqueles voltados à autoimagem e à sexualidade. "Esse concurso resgata a autoestima e a autoimagem deles. E é muito importante que mostrem isso para que possam resgatar essas características em si mesmos. De um ponto de vista social e psicológico, esse tipo de coisa favorece a valorização pessoal", explica Rinaldo.

A procuradora federal e também jurada Nádia Porto concorda que eventos com essa temática colaboram com mudanças a nível social. "Minha avaliação foi voltada ao desempenho deles, no que concerne às limitações, e à iniciativa de cada um. E, de modo geral, achei a iniciativa extremamente louvável", ressalta. A estudante Andreza Santos, 30, também esteve na plateia para assistir à apresentação de uma amiga candidata, a miss Santa Maria, Jovelina de Oliveira. "Conheci a Jovelina na reabilitação do Hospital Sarah há seis anos. Esse concurso foi para mostrar os cadeirantes como homens e mulheres bonitos e bonitas. Por isso, não torci apenas para ela, como para todos os outros também", disse.

Pedido de casamento

Após o anúncio dos sete primeiros classificados em cada categoria, um fato pegou a plateia de surpresa. O representante da Asa Sul, Haliton Rodrigues, 20, emocionou a todos ao se declarar para a namorada, e também concorrente, Jaciara Guiamarães, 33. Haliton segurou as mãos da candidata da Asa Sul, pegou o microfone e pediu a moça em casamento. Depois de levar um tempo para se recompor, Jaciara, também emocionada, respondeu "sim". Os dois selaram o momento com um beijo, sob gritos e aplausos da plateia, que registrava tudo com celulares e câmeras fotográficas.


O casal veio de São Paulo há cerca de duas semanas, apenas para participar do concurso. Agora, os dois vivem em Brasília e foram escolhidos para representar a Asa Sul. Mesmo sem ganhar, Haliton e Jaciara saíram com novos planos. "Agora nós vamos planejar o casamento. E, depois, viajar. Viajar bastante", afirmou o jovem.


Confira os três primeiros colocados de cada categoria:


Miss Cadeirante DF


1º Lugar: Lago Sul
2º Lugar: Águas Claras
3º Lugar: Ceilândia

Mister Cadeirante DF


1º Lugar: Sobradinho
2º Lugar: Santa Maria
3º Lugar: São Sebastião

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