"Assim como a deficiência da Frida precisa ser destacada, a nossa também precisa ser vista..."

Ilustração: Partes
#ParaTodosVerem Na ilustração temos Frida Kahlo sentada em sua cadeira de rodas, segurando uma paleta com as cores verdes, vermelho e amarelo, ao fundo temos cactos e o sol.


Frida Kahlo é, sem dúvida, uma das figuras mais representativas no Movimento Feminista. O que a grande maioria sabe é que ela era uma artista de renome, que fez da arte o refúgio para enfrentar sua vida sofrida após um acidente, que viveu um relacionamento aberto com seu marido (Diego Rivera) e que se destacou também por sua personalidade original. Porém, um dos motivos mais significativos que contribuíram para ela ser esta mulher incrível, é fortemente ignorado: a sua deficiência!

Não, eu não estou falando do acidente que ela sofreu quando jovem e que a deixou com sequelas. Mas, sim, da deficiência que a acompanhou desde criança e que, tudo indica, foi o motivo pelo qual ela caminhava com dificuldade. Alvo de bullying, Frida escolhia vestir calças e saias longas na tentativa de esconder que uma de suas pernas era mais fina do que a outra. Foi esta mesma perna que anos mais tarde teve que ser amputada.

Por mais que existam "mil" documentos, filmes e biografias sobre sua vida, em nenhum deles a deficiência de Frida foi, de fato, abordada como realmente deveria ser. Em todo lugar a sua deficiência foi minimizada sendo apenas um simples detalhe que serviu de inspiração para seus quadros. Para algumas pessoas pode parecer bobagem, mas para nós, mulheres com deficiência, é como se roubassem a nossa identidade.

É claro que a deficiência não define ninguém, mas digo isso porque nós não nos sentimos representadas na maioria dos espaços. Então, quando finalmente temos uma grande mulher com deficiência para nos identificar e nos trazer visibilidade, esta característica é roubada. Assim como a deficiência da querida Friducha precisa ser destacada, a nossa também precisa ser vista para que nossas especificidades sejam respeitadas.

Existem diversas mulheres com deficiência que têm muito a somar na luta feminista. Porém, não nos sentimos ouvidas e tão pouco acolhidas pelos coletivos de mulheres. Na maioria das vezes são organizadas palestras, manifestações, encontros feministas sem intérpretes de libras, os locais não possuem acessibilidade e os materiais de divulgação não têm descrição de imagem. Principalmente, estes acontecem sem um espaço para a nossa fala. Estas questões são necessárias em todos os momentos e não somente quando uma uma de nós solicita.

Encontramos a Frida em bandeiras feministas, estampa de camisetas, tatuagens, cadernos, celulares... Mas se ela ainda estivesse viva, será que ela se sentiria bem recebida no feminismo de hoje?
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