Sexo redescoberto

Deficientes físicos acidentados na juventude recuperam a vida sexual com o estímulo do Viagra

   Homens que sofreram lesões na medula em plena juventude têm em comum a causa da tragédia - em geral, tiros, quedas ou mergulhos desastrados - e o comprometimento da vida sexual.
    Um recurso que mostra eficiência na reabilitação desses pacientes é o Viagra, a droga que ajudou a quebrar o tabu da impotência masculina na terceira idade. Ao contrário do que se imagina, a maioria dos paraplégicos e tetraplégicos consegue ter ereções. O problema é que elas são fugazes.
    Duram poucos minutos, tempo insuficiente para consumar uma relação sexual completa. Com o impulso da pílula azul, deficientes físicos redescobrem o sexo. "Cerca de 70% dos indivíduos com lesões na medula encontram algum benefício no remédio", explica Milton Borrelli Júnior, urologista da Associação de Assistência à Criança Deficiente (AACD), com sede em São Paulo.

    Nos deficientes físicos, a ereção não é comandada pelo cérebro, como acontece com os outros homens (leia o quadro). É preciso manipular o pênis para que o estímulo chegue até a medula e desencadeie a ereção. Ela é efêmera, porque nasce de um reflexo involuntário e passageiro, semelhante ao do joelho que recebe uma martelada. 
    O sildenafil, princípio ativo da droga, aumenta o fluxo sanguíneo no pênis e, graças a ele, os pacientes exercem mais controle sobre a situação. Planejam os encontros íntimos e conseguem ter mais de uma relação no mesmo dia. Dois lançamentos programados para os próximos meses, o Cialis, do laboratório Eli Lilly, e o Vardenafil, da Bayer, prometem o mesmo efeito. Já o Uprima, do Abott, disponível desde o ano passado, não funciona nos paraplégicos porque atua no cérebro. 
   O analista de sistemas Sérgio Nogueira, de 31 anos, toma dois comprimidos de 50 miligramas de Viagra antes de sair com a parceira e diz sentir o efeito da droga por até 24 horas. O ex-surfista ficou tetraplégico ao bater a cabeça num banco de areia, aos 17 anos. "Sexo antes do Viagra era imprevisível", conta Nogueira, que namora uma terapeuta ocupacional há dois anos. "Agora sei o que vai acontecer."



   Antes do lançamento do remédio, os deficientes físicos recorriam a estratégias agressivas: próteses penianas ou injeções de substâncias vasodilatadoras, que prolongam as ereções, mas podem causar efeitos colaterais graves. Por essas e outras dificuldades, uma pesquisa realizada com 100 homens e mulheres atendidos na AACD revelou que metade deles encerrava a atividade sexual após a lesão.
   Baixa auto-estima e tempo de ereção insuficiente levavam à abstinência. "Sem o remédio as ereções duravam no máximo oito minutos e hoje vou muito além", diz o operador de telemarketing Carlos Malk Awada, de 25 anos, paraplégico depois de ser baleado numa briga de trânsito.
    Deficientes físicos aprendem a valorizar as carícias e o sexo oral e, por isso, cultivam a fama de bons amantes. Com a ajuda química, dizem que estão ainda melhores.

Cristiane Segatto
revistaepoca.globo.com
Mas é sempre recomendável que se faça uma consulta médica para saber se a pessoa com deficiência pode ou não usar a droga.






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