Entrevistas
Conheça Dulcilene...
Eu, mais do que ninguém, tinha uma vida perfeita cheia de planos sonhos e um caminho a seguir como sempre sonhei. Eu era independente, tinha minha vida livre, meu trabalho e fazia tudo que sempre quis, até que um dia o destino modificou toda minha vida.
Numa segunda-feira, na volta do trabalho, o pneu do meu carro no qual dirigia, estourou e em segundos perdi o controle e o carro capotou dando inicio a um incêndio. O meu enteado que estava comigo foi arremessado para fora e infelizmente acabou falecendo.
Fui salva por algumas pessoas que estavam próximo do local e por Deus. Eles conseguiram me tirar de dentro do carro que incendiou. Fui levada pra o hospital onde passei os dois dias piores da minha vida. Tinha muita dor no corpo e não podia me mexer.
Após dois dias de sofrimento me transferiram para outro hospital, mesmo que os médicos, familiares e amigos, tinham medo de eu não aguentar a viagem. Mas Deus estava comigo e resisti.
Lá no hospital fui muito bem recebida e sempre estava rodeada pela família e amigos também. Fiz uma cirurgia, a qual eu achava que faria minha vida voltar a mesma de antes, mas o médico foi bem realista e duro, disse que que aquela cirurgia serviria para me sentar, mas andar, nunca mais.
Ali percebi que minha vida jamais seria a mesma. Passei a depender dos outros, não sentava, não tomava banho sozinha, vivia sempre chorando, triste e depressiva por aquela situação. Voltei a ser uma criança.
Meus amigos, minha família não me abandonaram naquele estado, se tornaram meu alicerce. Muitas vezes minha irmã, cunhada e amiga, iam dormir comigo pra me ajudarem a me virar de meia em meia hora, acaba nem dormindo e nem deixando ninguém dormir de tanta dor.
Deixei de ser aquela jovem sonhadora e batalhadora. Via meus filhos e tentava ver neles a esperança de ter força para lutar e assim consegui pouco a pouco.
Depois que já estava um pouco recuperada, fui pra hospital Sarah Kubichek onde passei um mês de reabilitação e aprendi a viver e me tornar independente novamente, coisa que jamais imaginei que conseguiria.
Hoje tenho minha lojinha de bijuterias, trabalho todos os dias, faço fisioterapia e voltei a minha vida de antes.
Já não vejo mais minha cadeira de rodas como uma prisão, mas sim como minha liberdade pra viver e ser feliz.
Voltei a sonhar novamente, penso futuramente em fazer uma faculdade de administração pra me tornar ainda mais feliz e mostrar para todo o mundo que os cadeirantes também tem seu espaço e uma vida normal.
E você, amigo cadeirante, mesmo que tinha uma vida onde andava, fazia tudo o que queria e de repente o destino mudou e deixo tudo de cabeça pra baixo, não baixe a cabeça e siga de cabeça erguida e confiante, pois tudo dará certo e Deus estará sempre cm você!
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