Viajando para São Paulo...


Sabe aquela vontade que a gente tem de viajar, sair da rotina e conhecer outros lugares? Pois é, geralmente quando alguém tem essa vontade, ela simplesmente se programa financeiramente, escolhe um destino, reserva hotel, compra as passagens e vai... Quem dera se com a gente (cadeirantes) fosse assim!

Não sei vocês, mas antes de viajar eu fico mega ansiosa e com muito "medo" por não saber se o hotel realmente é adaptado, ou se vou conseguir um táxi acessível, se vai ter acesso nos pontos turísticos... Acabo até parecendo uma louca dramática, mas é meu jeito, o quê posso fazer? Se vou viajar é para relaxar, me divertir e para isso ser possível, tudo precisa dar certo.

Não sou muito viajada, mas pelas poucas vezes que já viajei, venho aprendendo algumas coisinhas que quero compartilhar com vocês...

Esses dias recebi um convite de ir no lançamento da Van Acessível da Iveco (clique aqui para conhecer a van), porém, eu moro no Rio Grande do Sul e o lançamento foi em São Paulo. No primeiro momento recusei o convite por eu saber a trabalheira que dá para ajeitar tudo, porém, o pessoal da Iveco e da CNH disseram que ajeitariam tudo pra mim, desde hotel até translado (é o nome que se dá para o transporte do aeroporto até o hotel, e vice-versa). Pensei alguns dias... mas acabei aceitando o convite para ver no que ia dar.

No aeroporto Salgado Filho
Ainda bem que aceitei, por que a viagem foi perfeita. Foi a primeira vez que eu e minha mãe viajamos sozinhas e posso dizer que aprendi muito nessa "aventura".

Eu tenho uma cadeira motorizada e suas baterias são líquidas, de carro mesmo, teve uma viagem que fiz e a cia aérea não quis levar minhas baterias e meu maior medo era esse. Mas dessa vez fui com a GOL e eles nem cogitaram a ideia de não levar, já no balcão do check in eles tiraram minhas baterias e colocaram dentro de uma caixa isoladas com serragem, e pude permanecer na minha cadeira até chegar na porta do avião para ser transferida para a poltrona.

Ahh... Um detalhe: Os próprios comissários de bordo se ofereceram para me transferir da cadeira para a poltrona, minha mãe não precisou fazer esforço nenhum comigo, o que é bom pois ela cansa menos.

Chegando no aeroporto de Congonhas-SP, uma funcionária da GOL nos acompanhou até uma sala onde eles tiraram as baterias de dentro das caixas usando luvas e máscaras de proteção. Isso foi necessário, porque segundo eles, durante o voô as baterias podem acabar vazando e se alguém colocar as mãos sem nenhuma proteção isso pode dar algum problema... Mas elas não vazaram e chegaram inteirinhas.

Para ir do aeroporto até o hotel, usamos uma doblô adaptada (fone 011 96740-0916). Pra quem usa cadeira motorizada, eu sugiro utilizar esse tipo de veículo porque o cadeirante entra com a própria cadeira e nem precisa desmontar e montar ela, na minha opinião assim é mais prático. Mas, caso você utiliza uma cadeira manual, pode usar qualquer táxi mesmo.

Ficamos no hotel Qualitty Faria Lima, ele tem um quarto para pessoas com mobilidade reduzida que oferece um espaço amplo para andar com a cadeira, além do banheiro todo adaptado. Para jantar, ou tomar café da manhã, sempre tem alguém por perto que pode te ajudar a lhe servir, já que você estará com as mãos ocupadas empurrando a cadeira.

Depois de ir no evento, chegou a hora de ir embora... No aeroporto de volta, eles fizeram o mesmo procedimento com as baterias e logo fui pegar o voô. Porém, dessa vez teria que embarcar pelas escadas e quando eu soube disso, meu coração já disparou de medo! Para minha alegria, o aeroporto de Congonhas tem 2 ambuliths da Infraero, porém só 1 estava funcionando. Pra quem não sabe, ambulifht é tipo um caminhão que tem uma plataforma que te pega no chão e ergue até a altura da porta da aeronave, não sendo necessário subir nenhuma escada para embarcar.
Ambulift
Chegando na minha terra, pude sair do avião através do finger (o corredor) na minha própria cadeira de rodas de forma bem tranquila.

Dessa vez eu tive sorte de ter feito uma viagem tão boa, porém, eu sempre vou preparada sabendo que corro o risco de ser carregada no colo (o que não é o certo), que terei que esperar horas pelo ambulift, ou ainda que não levarão minhas baterias. Vou preparada porque já passei por tudo isso e sei que muitos também já passaram.

Mas, com diversas normas que foram criadas, leis e tudo mais, as coisas estão melhorando. Creio que, pouco a pouco, viagens como a minha -que foi perfeita- vão começar a ser comuns aqui no Brasil. Porém, para isso continuar melhorando, peço a ajuda de você para denunciar algo que não está certo e reivindicar os seus direitos, pois só assim eles perceberão que conhecemos nossos direitos e merecemos os nossos direitos!
 
Se você quer viajar e tem alguma dúvida, envie sua pergunta para o email cantinhodoscadeirantes@hotmail.com que te responderemos assim que possível!
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