Bailarina cadeirante participa de espetáculo de dança na Virada Cultural de São Paulo


A cadeirante Gabriela Carvalho, de 33 anos, subiu ao palco da Virada Cultural Paulista 2017 na manhã deste domingo (21), em São Paulo. Ela apresentou o espetáculo de balé 'Dançando sobre rodas".

Para Gabriela, que é do Vale do Paraíba, participar do espetáculo foi uma conquista - há dois anos ela não considerava a possibilidade de dançar sobre uma cadeira de rodas, muito menos dançar em grandes espetáculos. Gabriela nasceu prematura, tem paralisia cerebral e nunca andou.

"Eu sempre sonhei em ser dançarina, desde criança, mas sempre tive muita vergonha disso. Eu ficava dançando sozinha no meu quarto, escondida, sem deixar ninguém ver. Nem a minha mãe eu deixava ver", disse Gabriela.

O sonho virou realidade há dois anos, quando Gabriela conheceu o professor de dança Mateus Vasconcellos, de 26 anos. Os dois foram apresentados de maneira inusitada, por meio de uma postagem nas redes sociais feita pela Gabriela.

"Um belo dia, há dois anos, postei no Facebook que eu amava dançar. Uma amiga minha marcou o Mateus na minha publicação e ele veio conversar comigo. Ficamos conversando por uns três meses, até que ele me disse que tinha criado o projeto. Na hora eu nem acreditei que seria possível", explicou a bailarina.


Projeto

Durante os três meses em que o projeto era criado, Mateus estudou técnicas para conseguir desenvolver coreografias para cadeirantes. Ele conseguiu com que uma escola de dança aceitasse receber o projeto e criou a companhia de dança sobre rodas, chamada 'Between'.

"Eu dou aulas de dança desde os 15 anos e nesse período eu já havia trabalhado com balé clássico para cegos. Com a Gabriela foi tudo novidade, foi um desafio maior porque são dois elementos, a dançarina e a cadeira. Temos que levar em conta toda a questão psicológica também, o medo de cair e tudo mais", explicou Mateus.

"Com o tempo fomos realizando apresentações em escolas e festivais de música. Criei uma página no Facebook para ir divulgando tudo e, atualmente, mais uma cadeirante irá começar a fazer aulas com a gente. Já a apresentação da Virada Cultural foi pelo método convencional, nos inscrevemos e fomos convidados. Estou muito feliz", afirmou o professor de dança.

Para Gabriela, a apresentação na Virada Cultural foi resultado de muito trabalho, ensaios, tombos e, acima de tudo, a prova de que qualquer pessoa pode alcançar seus sonhos. "Eu quero poder incentivar as pessoas a realizarem seus sonhos. Sei que jamais vou conseguir mudar o mundo, mas que eu consiga mudar a cabeça de uma pessoa que seja, já será uma grande vitória", concluiu a bailarina.


Via: G1
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