Conheça Naiane Martins...



Oi! Eu sou a Naiane, tenho Atrofia tipo 3 e quero contar como foi a chegada do meu filho...
Enzo nasceu com 34 semanas, no dia 18/01/2016 às 9:05 da manhã depois de passar 2h esperando no centro cirúrgico o médico assistente chegar. Sinceramente, foi a pior sensação durante toda a gravidez, era uma mistura de medo, de angustia pois sabia que a anestesia seria geral e pra piorar, uma anestesista veio falar que aquele não era momento para ter medo, medo eu deveria sentir antes de engravidar... 

Ela me anestesiou, apaguei com todos os meus medos, chorando e olhando para o meu marido. Quando voltei da anestesia foi bem pior e ela, a anestesista, ainda estava lá criando mais traumas, enfim... Com muita sorte eu estava lá e doida para ver meu filho, só pensava no Enzo, em como ele era, o seu cheiro, seu choro, tudo, queria conhecer cada detalhe do meu bebê imaginário que agora era real. 

Só depois de 1h me deixaram ver ele. Enzo estava naquele berço, ele era tão pequeno que mesmo o berço sendo mínimo, tornava-se enorme pra ele. Fui para o quarto e esperei algumas horas até que o levassem pra mim e eu finalmente pudesse amamenta-lo, era a coisa que eu mais desejava, poder começar a me vincular logo com meu pequeno.

 Confesso que foi difícil enfrentar a primeira semana, Enzo com icterícia, eu exausta e com dores, meu peito todo machucado. Tinha horas que queria sair correndo, mas ai olhava pro meu pequeno e passava. 

Os meses seguintes foram um inferno, confesso. Amava amamentar, estar com meu filho mas estava incrivelmente cansada e triste por toda pressão para dar formula, água, chás, chupeta, a única pessoa que não me bombardeava era a minha Gi, meu anjo em forma de prima que estava sempre lá desde que o Enzo estava na barriga. 

Não tive apoio de ninguém além dela, afinal ouvir um bebê chorando toda hora (Enzo mamava a cada 2h e passava 1h mamando) é complicado eu sei, mas quem deveria reclamar era eu, mas jamais reclamei, só pedia para me sentarem e colocar ele que eu ficava ali o quanto ele quisesse. Mas sentia que ninguém quer ter trabalho e me sentar e colocar o Enzo e tentar acalma-lo era uma tarefa “muito difícil”, pq ninguém, além de mim e da Gi, queria faze-la. 

E assim foi por 3 meses, até que a médica do Enzo deu a deixa que todos queriam, “Você está visivelmente exausta, mãezinha. Por que não dá formula para o Enzo? Ao menos a noite para você dormir?” Eu disse que não precisava, que eu estava bem e que queria amamentar, mas infelizmente minha mãe estava lá e repassou pra minha sogra e meu marido, a partir daí o inferno só aumentou até Enzo desmamar. 

Confesso que nunca me incomodou tanto ter AME, como depois que o Enzo nasceu, todo mundo tenta tirar minha autoridade sobre o meu filho todos os dias, acham que por me ajudarem a cuidar dele, têm o direito de decidir por mim o que é, ou não é, bom para o meu filho. 

Tive depressão, ainda me trato na verdade, tive crises de ansiedade de chorar descontroladamente no meio da universidade, de não conseguir respirar... Enfim... fiquei no inferno por muito tempo e graças a Deus a Gi estava lá.

 Depois de ver minha tristeza e meu estado, meu marido resolveu ficar ao meu lado mas já era tarde, Enzo já tinha desmamado e eu já estava lá cheia de traumas, Enzo não mama mais e confesso que cada vez que vejo alguém amamentando fico triste. 

Ser mãe com AME é ter que brigar todo dia com seus familiares para provar que é capaz e mesmo assim eles não te enxergam, ser mãe com AME é ter que sair com seu filho e ninguém acreditar que ele é seu por causa da bendita cadeira de rodas e da limitação de movimentos.

 Mas deixa eu falar uma coisa para essas pessoas que querem tirar a nossa autoridade: EU SOU MULHER, MÃE, ESTUDANTE, ESPOSA, EU SOU TUDO O QUE EU QUISER, PORQUE EU ACREDITO EM MIM, EU ACREDITO NO MEU POTENCIAL, EU NÃO PRECISO CAMINHAR E TER FORÇA PRA FAZER TUDO SÓ PARA SER O QUE EU QUISER. EU SÓ PRECISO ACREDITAR E NÃO TER VERGONHA DE PEDIR AJUDA, TODOS NÓS, SEM EXCEÇÃO, PRECISAMOS!

 Enfim... eu estou aqui tentando ser mãe, tentando amar, cuidar, ouvir, respeitar e educar meu filho do meu jeito, adaptando as brincadeiras, o banho, transformando todos os cuidados para que eu consiga fazer. Eu amo meu filho, eu o respeito, cuido dele. Hoje ele é uma criança linda, de 1 ano e 3 meses!


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