"Por receio, guardei o sonho de ser mãe por muitos anos" - Paula, conta como está sendo a sensação de ser mãe.

Quando uma mulher engravida mil sensações, emoções e dúvidas começam a surgir do nada! É alegria misturada com ansiedade, aflição misturada com sensação de sonho realizado e surpresa misturado com insegurança... 

Se você está passando por isso, ou ainda deseja passar, fique com a gente e veja a a conversa que tivemos com Paula Zanata, a mamãe cadeirante que contou todos os detalhes de sua primeira gravidez.  


Paula nasceu com Amiotrofia Medular Espinhal, justamente por isso ela não se permitia assumir a vontade de ser mãe, pois sabia que muitos questionariam a sua decisão... Mas, depois de 9 anos ao lado de Alexandre, sendo 6 anos e meio de casados, Paula se sentiu segura para viverem juntos esse sonho. 

Hoje ela está com 35 semanas (8 meses e meio), e está preparada para a chegada da amada Alice!

Conversei com Paula e ela nos contou tudinho. Leia a entrevista:


-Antes de você ser mãe, com certeza passou por momentos em que pensava a respeito de sua deficiência. Como você sempre encarou isso?

Em meu coração sempre existiu o desejo de ter uma vida normal, comum. Em conversa com Deus, pedi para ter uma vida "normal" e que isso fosse o maior milagre q pudesse viver. Desde aquela conversa, assim tem sido. 
Aproveitei as oportunidades proporcionadas por uma família maravilhosa. Nunca dei atencão para aquilo que não podia fazer mas sempre empenhei todas as minhas poucas forças naquilo que poderia fazer. 

Desde aquela conversa com Deus, todos os dias vivo o milagre de depender somente dEle. E assim foi ao concluir a faculdade, a aprovação em dois concursos públicos federais, o encontro com o meu amor, o nosso casamento, o nosso lar e agora o nascimento de nossa filhinha.

Nossa vida absolutamente simples, comum e "normal" faz com que experimentemos a grandiosidade do simples gesto que é VIVER!

-Paula, você sempre sonhou em ser mãe?

A possibilidade de gerar um filho sempre foi um tabu para mim. Minha família sempre foi contra por zelo e proteção. Tive também algumas opiniões médicas contrárias à ideia. Por receio ou por não querer desagradar ou desobedecer, guardei esse sonho por muitos anos até que ao completar 37 anos a ficha caiu e me dei conta que era preciso enfrentar aquela situação. Primeiro intimamente, admitindo pra mim mesma que esse sempre foi o meu maior desejo e depois enfrentar as circunstâncias que estariam por vir.


-Deixando as opiniões de lado, você mesma tinha receio de engravidar devido a sua condição física?

Tinha sim muito receio pois uma gravidez já traz em si questões imponderáveis e imprevisíveis e no meu caso ainda mais. Após buscar avaliações de vários especialistas, obtive pareceres favoráveis quanto à minha condição específica, o que de certa forma tranquilizou o meu marido que até então era resistente por temer que alguma coisa pudesse acontecer comigo. 
Na primeira noite sem prevenção, Alice foi gerada. 

-Ao dar a notícia de sua gravidez, você sentiu uma certa pressão a mais vindas das pessoas em sua volta pelo fato de você ter uma deficiência?

Ao dar a notícia, muitos se emocionavam mas logo em seguida vinham os questionamentos de como seria cuidar de uma criança, se "daria conta" de cuidar da minha filha, se eu tinha noção do que era ter um filho, etc.


-Demorou para "cair a ficha" que uma vidinha estava sendo gerada dentro de seu ventre?

Por ter engravidado tão rápido, ficamos surpresos no início mas a medida que o tempo passava, íamos acreditando que aquilo tudo estava acontecendo. A cada ultrassom, a cada movimento dela na barriga, fui me dando conta de que aquele sonho tão distante era real e estava acontecendo. 

-Você conseguiu achar com facilidade um médico para acompanhar sua gestação? 

Antes de engravidar, procurei por uma médica muito conhecida em minha cidade. Ela foi muito receptiva aos meus questionamentos sempre me passando muita segurança e tranquilidade. Ao iniciarmos o pré-natal, ela fez questão de que os outros especialistas também me acompanhassem.


-Quais os cuidados especiais que você está tendo?

Várias medidas foram adotadas por esses especialistas, cada um em sua área. Um programa intensivo de fisioterapia respiratória, motora e drenagem linfática. O uso diário de injeção anticoagulante e também meias de compressão. 

Adoção de uma dieta específica a fim de evitar ganho de peso acompanhada de suplementos e polivitamínicos. E também as consultas médicas e exames mensais. 

-Como será o parto?

A princípio será anestesia geral, mas o anestesista está analisando a possibilidade de ser usada a raquidiana já que possuo escoliose. 

-Já tem tudo preparado para a chegada da bebê?

Fizemos questão que Alice ficasse conosco por isso reformamos o nosso quarto que já está pronto. As roupinhas dela já foram lavadas e a bolsa para a maternidade já está pronta. 


-Que dia está marcado para a Alice nascer?

A meta inicial era 32 semanas, a partir de agora dependerá do meu estado geral que será analisado a cada semana. 

Esta conversa aconteceu na semana passada, e hoje pela manhã, recebi a notícia que Alice nasceu! 

Elas estão bem e Alice veio ao mundo recebendo muito amor de sua família! 

Bem vinda Alice!!!! 



Fotos: kivia Maria fotografia.
kiviamariafotografia.com.br 
Tecnologia do Blogger.