Entrevistas
História de Eduardo e Rita Ramos...
Passaram-se algumas horas, quando de repente, recebi um convite de um rapaz para conversar. O nome dele era Eduardo, muito bonito e simpático. Fomos conversando e ele sempre muito educado e gentil, totalmente diferente dos outros rapazes que eu já havia conversado anteriormente.
Ele perguntou onde eu morava, então respondi: “moro em Porto Alegre – RS e você?”, “moro em Curitiba – PR, mas, nada que avião não resolva.” Honestamente, quando ele disse isso, não tinha entendido a cantada de imediato pois, não estava afim de namoro, mas sim afim de alguém para conversar, ter amigos.
Naquela noite, conversamos durante horas, como se nos conhecêssemos a muito tempo. Trocamos informações, contei sobre a paralisia cerebral, sobre as limitações, que a doença me causa. Ele até então sem limitações, me contou sobre o TDAH (Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade), quando ele falou sobre o “problema”, comecei a perceber que eu não era tão diferente dele como eu pensava. Os problemas eram distintos sim, mas os preconceitos e dificuldades eram as mesmas.
O tempo e os dias foram passando, e nossa química ia aumentando, meu coração batia aceleradamente, toda vez que conversávamos, já que nossas conversas eram diárias e extremamente longas, fossem elas virtualmente ou via telefone.
Ele desde a primeira conversa, sempre deixando muito claro, que independente da minha deficiência, ele estava interessado em mim. Eu, impressionada com tudo aquilo que ele dizia, pois, na minha mente, a onde um rapaz, que mora em Curitiba, advogado, sem deficiência, iria se interessar por mim, que além da deficiência, tinha pouco estudo, morando a dois estados dele. Então para tirar a prova, fui muito franca com ele e perguntei: “você sabe que sou completamente dependente fisicamente, e se um dia você sei lá, enjoar? ” Ele então respondeu: “Se eu enjoar de você, é porque eu não te amava de verdade. ”
Naquele momento, sozinha no meu quarto, meus olhos lacrimejaram e com os olhos lacrimejados, olhei para o teto e agradeci a Deus, por esse rapaz tão sincero que Ele colocou no meu caminho.
Depois desta resposta, resolvi me render a este sentimento tão puro e sincero que estava nascendo, no dia dos namorados daquele ano, numa manhã fria de outono, acordei cedo, e logo que levantei ouvi alguém bater na porta, a minha auxiliar foi atender e para minha surpresa, era um buquê gigante de rosas vermelhas, que o Eduardo havia me enviado. Eu não conseguia parar de tremer e gritar de emoção. Sim, o Eduardo realmente era um rapaz incomum, a moda antiga posso assim dizer.
Nosso primeiro e tão esperado encontro, aconteceu no mês seguinte, dia 1º de julho. Ele veio a cidade aquele dia para se inscrever na OAB – RS, então combinamos de ele ir até minha casa depois disso, passar o dia comigo. Ele chegou às 9:30 da manhã em um táxi, com um casaco marrom e uma calça jeans, eu tremia de emoção igual vara-verde, e então ele entrou e nossos lábios se entrelaçaram em um longo e delicioso beijo.
Passamos o dia juntos, vimos TV, almoçamos e eu pedindo a Deus que o dia não acabasse. Ele a todo momento muito atencioso e carinhoso comigo, tomamos café da tarde juntos e logo começou a anoitecer e a hora da despedida se aproximava cada vez mais. Com o coração apertado e lágrimas nos olhos, vimos o táxi chegar e a hora da despedida também. Demos um longo abraço e um beijo. Desde este dia, não nos separamos mais.
O Eduardo é minha maior motivação e inspiração de vida, lá se passaram 4 anos e 2 meses. E se preciso fosse, entraria naquela sala de bate-papo e faria tudo novamente, desde que, quem estivesse me esperando do outro lado da tela, fosse o meu Eduardo.
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