Cadeirante está há 2 anos sem ir à escola devido à falta de transporte público



Não poder estudar por causa de falta de transporte público. Essa é a realidade do cadeirante Anderson José da Silva, que teve que largar os estudos há 2 anos na última série do ensino médio em São Carlos (SP).


“Dá um pouco de raiva, porque todos estão estudando e eu não. Eu estava no último ano do ensino médio, queria ter terminado”, ressaltou Anderson, que sonha em ter o diploma.

A Secretaria Estadual de Educação informou que a responsabilidade do transporte escolar é da prefeitura. Disse também que, enquanto a situação não é normalizada, a escola deve enviar atividades ao aluno para que ele não perca conteúdo pedagógico, já no início de ano letivo.

Trajeto

Anderson vive no distrito de Santa Eudóxia. A casa onde mora com a mãe fica a um quilômetro de distância da única escola do local, mas o grande problema é a subida íngreme.

“Eu me sinto triste, porque ele precisa ir à escola e ter uma vida normal como todos. Para isso, precisa do transporte”, explicou a dona de casa Agda Maria da Silva, que sofre com uma hérnia na barriga.

Sair de casa com o filho não é tarefa fácil. Agda precisa de força para driblar os obstáculos, ainda na porta de casa. Ela empurra a cadeira e, em alguns trechos, as dificuldades começam a piorar, como na rua de paralelepípedo, por exemplo.


“Conforme empurra a cadeira, a hérnia estufa, vai doendo, porque ela está grande”, disse Agda.

Antes, um ônibus da prefeitura parava em frente à casa da família para buscar Anderson, mas depois parou de passar. Agda ligou para a prefeitura cobrando solução, mas a administração disse que o motorista que fazia a linha perdeu a habilitação.

Inconformada, a dona de casa não desistiu. Ligou para a Secretaria da Educação e, segundo ela, o problema foi encaminhado para a Assistência Social, depois para a Defensoria Pública, mas nada foi resolvido. “Pediram todos os documentos, eu levei, mas até agora nada”, disse a dona de casa.

Direitos

A advogada Andreia Dropé Bravo, presidente da Comissão dos Direitos das Pessoas com Deficiência da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), explicou que está na lei federal e municipal o direito ao transporte público de graça. Ela afirmou que se o serviço não for prestado e a prefeitura não tomar providências o caso deve ser levado à Justiça.

“Se ele não está recebendo o transporte, ele pode fazer um requerimento administrativo na prefeitura. Se não for atendido, pode recorrer às vias judiciais e terá o direito atendido, uma vez que é uma previsão legal, independente dos problemas do transporte público que estamos enfrentando, de qualquer forma ele tem direito”, disse Andreia.

Em nota, a prefeitura informou que não tem como colocar um ônibus extra para atender o estudante. Já a Defensoria Pública do Estado disse que não tem nenhum registro de atendimento da mãe do aluno, mas que está à disposição.

Via G1
Tecnologia do Blogger.