Salões de beleza acessíveis


Adriana Lage comenta sobre as dificuldades enfrentadas pelos cadeirantes em salões de beleza sem acessibilidade.

Adriana Lage

Quando a vida nos dá uma rasteira e a autoestima vai lá em baixo, nada melhor do que fazer alguma mudança. Nem sempre é fácil mudar internamente, isso costuma exigir perseverança, disciplina e uma boa dose de força de vontade. Mas sempre vale a pena, pois temos a possibilidade de recomeçar e traçar novos caminhos. Aprender. Reaprender. Ousar. Tudo sempre em busca da felicidade.

Pois bem, como ando sem ânimo pra mudança interna, nada melhor do que começar pela mudança externa. Em momentos assim, um santo remédio é recorrer às mãos mágicas dos meus cabeleireiros São Wilson e São Wagner da Progressiva! O salão de beleza deles não é adaptado, mas tem um ambiente ótimo. Sempre cheio de risadas! Voltei de lá toda poderosa com os cabelos balançando mais que modelo de comercial de TV. Não tive como não chamar atenção descendo a rua com a cadeira motorizada e os cabelos ao vento. Pode ser que algumas pessoas considerem o texto de hoje bem supérfluo, mas, sinceramente, fico indignada com a falta de acessibilidade nos salões de beleza e clínicas de estética.

Salão de beleza é o tipo do estabelecimento comercial que sempre existe pertinho da gente. Uns são bem sofisticados e com preço lá em cima, outros bem modestos. Não importa a classe social, poucas são as pessoas que não gostam de se embelezar. Todos os salões próximos a minha casa possuem algum obstáculo arquitetônico. Não conheço um que não tenha, pelo menos, um degrau na entrada. Muitos funcionam em casa e sempre possuem escadas. O que frequento funciona em um prédio ao lado de um supermercado. Sempre utilizo a rampa de estacionamento do supermercado para subir na calçada. A rua é bem íngreme e com diversos obstáculos pela calçada e, desde que fiz um cavalo de pau com minha cadeira motorizada, fiquei traumatizada e só ando no meio dos carros. A entrada do salão possui um degrau, a porta é de vidro e sempre preciso me concentrar para não trombar na porta ao subir o degrau. Na parte de cima, trabalham as manicures e depiladoras. O acesso até lá é feito por escadas.

Sou cliente de lá desde 2007. Adoro! Foi paixão a primeira vista. Eu me lembro que, na primeira vez em que estive lá, eu e o Wilson quase fomos para o chão, ele sempre brinca comigo dizendo que entrou pra academia para poder atender bem à cliente. Como não consigo sair sozinha da cadeira de rodas, eles sempre me carregam nas transferências. Meu pescoço é bem mole e com pouco equilíbrio, quase matei os cabeleireiros de susto nas primeiras escovadas. Quando resolvi fazer minha primeira escova progressiva, gastei mais de 4 horas – o Sérgio morria de medo de machucar meu pescoço. Depois, troquei o Sérgio pelo Wagner. Sou fã demais dele, é o tipo de pessoa que irradia luz e sempre nos arranca um sorriso. Compartilhamos as mesmas paixões por muito brilho, plumas, boás, músicas, etc. Não troco esses meninos por nada!

Fiz uma pesquisa rápida na internet e, infelizmente, nos lugares que frequento, tirando shopping, não encontrei nenhum salão acessível. Foi inaugurado, há pouco tempo, uma filial de um salão chique aqui de BH. A filial, que fica na região centro-sul, foi desenvolvida utilizando os conceitos de sustentabilidade e acessibilidade, mas nos demais salões que frequentei não havia acessibilidade. Felizmente, a criatividade e boa vontade sempre superaram esses pequenos problemas, afinal de contas, pra quem é vaidosa, não é um degrau que vai me impedir de ficar mais bela!

Fonte: Rede SACI
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