A degenerativa e eu...
Eu nunca caminhei, mas foi só com 10 anos de idade que descobriram que eu tinha uma doença degenerativa.
Para muitos, a palavra degenerativa é o pior diagnóstico que alguém pode ter, talvez seja.
Realmente já presenciei muitas partidas de amigos que tinham atrofias/escleroses e foi triste, é triste.
Acho que muito mais doloroso para os parentes e amigos que acompanham o sofrimento sem poder fazer nada.
Eu nunca, pesquisei sobre o significado da palavra "degenerativa". Nem precisei até pq, cresci escutando os médicos dizerem, nas entre linhas, que minha doença é degenerativa e que ela vai me matar aos poucos. Pode parecer cruel, mas é a realidade.
Durante a minha juventude eu evitei de todas as formas de me deparar com pessoas que tinham o mesmo que eu, pq toda vez que eu via, eu percebia que podia piorar e que tudo era questão de tempo.
Pois bem, hoje tenho 24 anos, é claro que piorei um pouco sim. Porém, me sinto mais madura e até consigo enxergar a DEGENERATIVA com outros olhos, ela não é mais a minha inimiga.
Eu consigo isso, pq penso da seguinte forma...
Quantas pessoas vc conhece que eram cheias de saúde, planos e morreram do nada?
Quantas pessoas tiveram câncer e não tiveram nem tempo de tentar se tratar?
Quantos bebezinhos, que não chegaram a nem dar seus primeiros passos, já voltaram pro céu?
Quem disse que o dia da minha morte não era pra ser no dia do meu diagnóstico, aos 1O anos?
A vida é tão boa comigo que me deu muito mais tempo! Ela sabe que tenho vontade de viver, de viajar, de amar, e ela decidiu me dar mais tempo pra que desse para fazer tudo o que quero... e é isso que ESTOU fazendo, mesmo na cadeira de rodas!
Até ontem eu me desesperava por medo de morrer. Mas hoje percebo que o meu medo, nada mais era de não aproveitar meu tempo aqui.
Todo mundo vai morrer, isso é a coisa mais certa que existe. Então, pra quê brigar com a degenerativa se ela tá sendo tão querida comigo e me dando mais tempo?
Graças a ela conheci pessoas maravilhosas, humildes e de corações grandiosos.
Graças a ela, minha família me dá tanto carinho.
Graças a ela posso servir de exemplo (mesmo não gostando disso) e graças a ela aprendi o que é dar valor a saúde, a vida e o agora.
Carol Constantino
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