Especial Dia das Mães - Ana Paula Albuquerque

Existem mães de todos os tipos... As carinhosas, brigonas, amigas, maluquinhas. Mães de coração, de primeira viagem, "pães" e por aí vai... 

Para homenagear as mães, eu e a minha amiga Giselli decidimos unir alguns depoimentos de mães que enfrentam de tudo, inclusive preconceitos, para terem seus filhos. 

Todas elas têm AME (Atrofia Muscular Espinhal), uma deficiência que recentemente está sendo muito falada devido ao medicamento Spinranza que precisa ser aprovado pela Anvisa. Porém, ao contrário do que muitos pensam, este medicamento é indicado para todas as pessoas com AME, crianças e adultos!

Com a aprovação da "Spinranza" muitos homens e mulheres poderão melhorar sua qualidade de vida, possibilitando que muitas se tornem mães como estas.

Convido você para conhecer agora a história de Ana Paula Albuquerque:


Meu nome é Ana Paula, eu tenho 33 anos e fui mãe pela primeira vez aos 18 anos. A gravidez não foi planejada, mas como minha mãe sempre repete “ Nem a folha de uma árvore cai sem a permissão de Deus” . Um nascimento faz parte do querer dele. 

O Nicolas nasceu no dia 25 de fevereiro de 2002, tive uma gestação tranquila e tudo correu bem, notei que após a gravidez sentia cansaço mais fácil, mas eu não sabia da Ame na minha vida até então.

Com 24 anos planejamos ter “uma menina” não acertamos no sexo do bebê mas acertamos no sentimentos que vieram com o passar dos meses de gestação, o Kevin seria a cola da nossa família.

O bebê, Kevin, nasceu no dia 15 de dezembro de 2007, não o vi chorar, não vi seu rostinho, foi levado para a UTI e entubado. O Kevin nasceu com o cordão umbilical enrolado ao pescoço, com a asfixia teve parada cardíaca e respiratória, defecou consumiu o mecônio, teve convulsão, hiperacidose e infecção neonatal.

“Nem a folha de uma árvore cai sem a permissão de Deus”

Recebi o encaminhamento para a Apae. Pelo tempo sem oxigenação no cérebro era certo que ficariam sequelas caso sobrevivesse. Foi o natal mais triste de nossas vidas, mas no dia 29 de dezembro depois de dias de agonia ele teve alta. Segurei meu pequeno nos braços pela primeira vez.

Meus dois filhos são o presente que Deus me deu e a força que preciso pra lutar.

A Ame veio aos 27 anos. Nunca tinha ouvido falar sobre Amiotrofia Espinhal, mas já vivia as consequências de tê-la desde cedo. Era alvo de chacotas na escola, não conseguia correr, andava mancando, tinha a coluna torta pela escoliose, as canelas finas geravam piadas, mas o tempo passou e com ele o desejo de descobrir o porquê de me sentir “ diferente” . 

Uma eletroneuromiografia na Usp de Ribeirão Preto me apresentou a Amiotrofia Espinhal Distal, desde então somos inseparáveis. 

Faço piada, não porque não a levo á serio. É serio sentir as pernas fracas, é serio não ter forças pra levantar os braços e pentear os cabelos, é serio. Mas não me vitimizar por causa da doença foi importante pra me aceitar enfim, pra me amar finalmente e perceber que a doença está em mim, mas eu não sou a doença!

Hoje aos 33, tenho um adolescente lindo, uma criança de nove anos que é o meu milagre, tomei coragem e tirei a carta de motorista e como sou abusada tirei de moto também, voltei a estudar, e através desse depoimento quero só dizer que minha vida não é perfeita, nunca foi e está longe de ser, mas a Ame é só um detalhe que me torna mais humana, em perfeitamente em paz.

Feliz dia das mães!

Tecnologia do Blogger.