Entrevistas
Conheça Tati Rolim
Meu nome é Tatiana Rolim , tenho 35 anos em breve vou fazer 36 anos. Também sou aquariana , sempre comento isto porque justifica meu jeito acelerado de ser e as vezes até atrapalhado por tantas coisa que me proponho a fazer ao mesmo tempo ..
Estou separada há dois anos e meio, exatamente a idade da minha filha , no final da minha gestação ele teve depressão e disto evoluiu com outras complicações que necessariamente me impôs a separação como medida até de segurança para mim e minha filha . O transtorno mental é um dos maiores sofrimentos que alguém pode passar..Mas depois da separação já revivi a sensação de uma paixão avassaladora .. mas tb já passou ...
Sofri a lesão medular há 20 anos e ao mesmo tempo que é tão distante é também bem próximo, porque todos os dias de alguma forma seja pelo preconceito ,seja pela dificuldade de acessibilidade, você acaba se confrontando com a deficiência e com sua história.
Eu sofri um acidente em 25 jan de 95, no aniversário da cidade de SP, eu tinha 17 anos na época era modelo, jogava voley-ball pela cidade de Franco da Rocha, trabalhava, e tinha muitos sonhos e desejos. Tinha acabado de descobrir os prazeres de um amor, uma relação e os prazeres que a própria relação sexual oferece.
Fui atropelada por um caminhão, tive lesão medular t10, sequelas nos braços que por uns meses me deixaram com lesão cervical e sem movimentos nos braço. Foi muito ruim no início, mas pouco me lembro porque fiquei muito tempo em coma, cerca de 2 meses. Não tenho muita história pra contar, só sei que depois de tudo, juntei as histórias que me falaram e fiz um livro "Meu andar sobre rodas", que aborda várias questões relacionadas a chegada da deficiência na adolescência.
Naturalmente não foi fácil aceitar, mas existem pessoas que dizem que nasceram pra se tornarem deficientes... Eu não!! Fui me aceitando, me redescobrindo e na medida que me encontrei em mim mesma, com meu jeito de ser, minha personalidade, meu eu interior, retomei todos os meus sonhos, os meus planos, ideais e objetivos na vida.
Depois de 3 meses num hospital, 2 em coma e mais dois em plena confusão mental, sem saber de onde eu vinha e pra onde eu ia; as coisas foram tomando um sentido dolorido de ser , pela própria história -um caminhão!! não é todo dia que alguém é atropelado por um caminhão e sai viva!!- Eu pelo menos sai paraplégica e isto no começo era confuso de entender e aceitar.
Sempre tive muito apoio dos meus pais, que são tudo pra mim , meus amigos também foram essenciais,
pra me ajudar nesta fase inicial. Até chegar o processo de reabilitação foi também um longo período. Naquela época não era assim como são as coisas hoje, as pessoas hoje tem acesso a tudo, a rede Lucy, ao HC, a AACD, ao Sara, APAEs, muitos centros de tratamento, empresas que te empregam, vagas no trabalho, etc...Sem dúvidas hoje quem se torna um PCD está na rampa do acesso a quase igualdade de oportunidades mas ainda falta muito!!
O começo pra mim foi a parte mais difícil, porque eu era tetraplégica e não tinha movimentos nos braços, depois voltou do braço esquerdo, e um ano depois quase retornou os movimentos do braço direito. Hoje sou paraplégica classificada t10!!
Mas sinceramente o mais difícil era fazer xixi e cocô ( 1 e 2 ) . Esta fase era triste, difícil, não sentia, não tinha controle, era constrangedor, e pra namorar também era chato , eu n sentia nada , não percebia a penetração , mas hoje depois de tanto tempo é ótimo.
A aceitação em sí, passa por muitas etapas e leva um tempo, que depende pra cada um. Eu conheço gente da minha época de tratamento (ou seja 20 anos atrás) que nunca se aceitou, fica em casa sofrendo com suas limitações, com tudo . Cada um faz uma escolha e esta escolha é fundamental pra
contribuir com a aceitação e não tem regras, se aceita primeiro ou se escolhe viver depois.
A maternidade pra mim veio na fase dos 32 anos, eu me sentia em apuros, era como se meus óvulos estivessem acabando e eu tivesse de fecundar naquele momento ,e foi assim, rápido e simples. Eu não esperava, mas já vinha desejando a alguns meses engravidar , mas no mês de nov 2009 foi certeiro, era a hora, era o momento!
Quando engravidei, a noticia foi dada e tomava conta de tudo na imprensa, fui na Hebe e em vários canais, revistas, meu trabalho se intensificou. Fiz mais palestras, trabalhei mais, fiz tudo mais lindo ,mais gostoso, mais gravida... foi maravilhoso!
Não tive complicações clinicas, foi uma gestação muito esperada, muito adequada, não tive restrições, dirigi até 8 meses, até o último dia quando ela (Maria Eduarda) nasceu . O parto foi perfeito!
Hoje me considero muito feliz, passei por muitas barreiras, me sinto realizada como pessoa, como mulher , como mãe e profissional, hoje tenho a inclusão como minha linha de frente de trabalho.
O que me faz feliz também, é eu ser quem eu sou !! Ser prática, dinâmica, mole pra algumas coisas e dura pra outras.. amar, aprender amar , conhecer pessoas, entender que cada um é um , respeitar as pessoas. Tive uma última experiência que me trouxe muito conhecimento de como não devo ser e sim manter meus valores, isto tem me feito mais feliz!!
A deficiência nem conta, juro que não preciso andar, consigo tudo oque quero, faço tudo que posso e quando não dá peço ajuda sem problema nenhum.
Bóra gente, a vida é mole pra quem é mole !!! Não tem nada fácil pra ninguém , pra eu chegar onde cheguei chorei muito, fui muitas vezes carregada no colo em buzão sem acesso, cai nas escadas rolantes de metrô, passei vergonha porque não tinha como chegar a tempo num banheiro que era usado por um andante na maior cara de pau, tive apertos financeiros, amores tristes, mas sempre acreditei que era capaz de tudo e de realizar todos os meus sonhos e assim tem sido , inclusive esta entrevista: era um sonho !! e já está realizado !!!
Assim continuo sonhando , com outras tantas coisas, que nem dá pra expor aqui; minha lista é imensa e espero que vocês também tenham uma lista imensa de sonhos e desejos a serem concretizados, porque andar, como digo no meu primeiro livro: “andar independe da forma que se locomove, andar está na intenção de se chegar a algum lugar..”
Sempre tive muito apoio dos meus pais, que são tudo pra mim , meus amigos também foram essenciais,
pra me ajudar nesta fase inicial. Até chegar o processo de reabilitação foi também um longo período. Naquela época não era assim como são as coisas hoje, as pessoas hoje tem acesso a tudo, a rede Lucy, ao HC, a AACD, ao Sara, APAEs, muitos centros de tratamento, empresas que te empregam, vagas no trabalho, etc...Sem dúvidas hoje quem se torna um PCD está na rampa do acesso a quase igualdade de oportunidades mas ainda falta muito!!
O começo pra mim foi a parte mais difícil, porque eu era tetraplégica e não tinha movimentos nos braços, depois voltou do braço esquerdo, e um ano depois quase retornou os movimentos do braço direito. Hoje sou paraplégica classificada t10!!
Mas sinceramente o mais difícil era fazer xixi e cocô ( 1 e 2 ) . Esta fase era triste, difícil, não sentia, não tinha controle, era constrangedor, e pra namorar também era chato , eu n sentia nada , não percebia a penetração , mas hoje depois de tanto tempo é ótimo.
A aceitação em sí, passa por muitas etapas e leva um tempo, que depende pra cada um. Eu conheço gente da minha época de tratamento (ou seja 20 anos atrás) que nunca se aceitou, fica em casa sofrendo com suas limitações, com tudo . Cada um faz uma escolha e esta escolha é fundamental pra
contribuir com a aceitação e não tem regras, se aceita primeiro ou se escolhe viver depois.
A maternidade pra mim veio na fase dos 32 anos, eu me sentia em apuros, era como se meus óvulos estivessem acabando e eu tivesse de fecundar naquele momento ,e foi assim, rápido e simples. Eu não esperava, mas já vinha desejando a alguns meses engravidar , mas no mês de nov 2009 foi certeiro, era a hora, era o momento!
Quando engravidei, a noticia foi dada e tomava conta de tudo na imprensa, fui na Hebe e em vários canais, revistas, meu trabalho se intensificou. Fiz mais palestras, trabalhei mais, fiz tudo mais lindo ,mais gostoso, mais gravida... foi maravilhoso!
Não tive complicações clinicas, foi uma gestação muito esperada, muito adequada, não tive restrições, dirigi até 8 meses, até o último dia quando ela (Maria Eduarda) nasceu . O parto foi perfeito!
Hoje me considero muito feliz, passei por muitas barreiras, me sinto realizada como pessoa, como mulher , como mãe e profissional, hoje tenho a inclusão como minha linha de frente de trabalho.
O que me faz feliz também, é eu ser quem eu sou !! Ser prática, dinâmica, mole pra algumas coisas e dura pra outras.. amar, aprender amar , conhecer pessoas, entender que cada um é um , respeitar as pessoas. Tive uma última experiência que me trouxe muito conhecimento de como não devo ser e sim manter meus valores, isto tem me feito mais feliz!!
A deficiência nem conta, juro que não preciso andar, consigo tudo oque quero, faço tudo que posso e quando não dá peço ajuda sem problema nenhum.
Bóra gente, a vida é mole pra quem é mole !!! Não tem nada fácil pra ninguém , pra eu chegar onde cheguei chorei muito, fui muitas vezes carregada no colo em buzão sem acesso, cai nas escadas rolantes de metrô, passei vergonha porque não tinha como chegar a tempo num banheiro que era usado por um andante na maior cara de pau, tive apertos financeiros, amores tristes, mas sempre acreditei que era capaz de tudo e de realizar todos os meus sonhos e assim tem sido , inclusive esta entrevista: era um sonho !! e já está realizado !!!
Assim continuo sonhando , com outras tantas coisas, que nem dá pra expor aqui; minha lista é imensa e espero que vocês também tenham uma lista imensa de sonhos e desejos a serem concretizados, porque andar, como digo no meu primeiro livro: “andar independe da forma que se locomove, andar está na intenção de se chegar a algum lugar..”
Fico por aqui, quem quiser me add no face e no orkut meu nome está Tatiana ROLIM, no twitter é @rolimtatiana
Comente