Antes do acidente ele era uma pessoa comum, depois ele se tornou campeão mundial...

 Por Sandra Mara (sandramaraoli@ig.com.br)
Jony da Costa (reporterinclusao@hotmail.com)

Entrevista com Primeiro surfista bi-amputado do mundo e campeão mundial de Triátlon, Paulo Eduardo Chieffi Aagaard, 32 anos, mora em Santos. 

Blog: Como o esporte entrou em sua vida?

P: Eu já era esportista antes de sofrer um acidente a 14 anos, em uma linha férrea que estava desativada eu perdi de imediato as duas pernas com uma amputação abaixo do joelho. De lá para cá, voltei a nadar no intuito de ganhar uma independência o que acelerou o processo de reabilitação, e voltei a surfar que era uma paixão que eu tinha. Conheci o Triátlon que consiste na natação, no ciclismo e corrida, passei a competir me consagrando campeão em várias modalidades.

Blog: quantos títulos você já conquistou?
P: Em 2000, tornei-me o primeiro surfista bi-amputado do mundo, comecei a percorrer as praias como convidado foi um incentivo grande. O Triátlon em paralelo a isso me trouxe algumas consagrações primeiro título mundial bi-amputado do Brasil, eu fui o primeiro atleta amputado sem as duas pernas a competir nestas provas, terceiro lugar no Pan Americano, fui cinco vezes campeão no troféu Brasil.

Blog: Você também pratica canoagem oceânica. Você usa a mesma prótese para todos os esportes?

P: Em 2009, comecei a praticar a canoagem oceânica, que consiste em surfs ki que é o caiaque para o mar. Comecei a ter uma independência com os equipamentos, tecnologia, por exemplo, antes para o Triátlon eu precisava de prótese para correr, e outra pra pedalar, e essa no caso eu adaptei uma só prótese para fazer todos os exportes. Então encontrei menos exigência de tempo, porque o Triátlon me tomava muito tempo e poderia me indicar para outras atividades.

Blog: Conte seu maior desafio no ano de 2013?

P: Na canoagem oceânica fiz meu maior desafio foi uma vinda do Rio de Janeiro até Santos, remando foram 400 km, em dez dias. O projeto incentivado pela lei Federal de Esportes, patrocinada pela Sabesp, foi à expedição Superágua, por meio da ONG Só cidadão.

Blog: Como você pode utilizar o material que você conseguiu através do seu desafio em 2013?
P: Eu comecei a fazer um trabalho paralelo de inclusão social, todo o trabalho que foi feito do desafio foi levado para jovens nas escolas como modelo de incentivo para praticar esporte, mas também sobre os cuidados que eles deveriam ter com as questões da ecologia e do meio ambiente, porque percorri vários lugares e a gente mostrava por meio de imagem, como se fosse uma aula de uma forma diferente. Imagina você fazer uma viagem e depois você traz todas as coisas boas para propagar para os alunos. E daqui há dois messes estou fazendo meu segundo projeto com a ONG Só cidadão, que chama superbike vai ser uma pedalada ao redor da Ilha de Florianópolis.

Blog: Qual é sua ligação com a ONG Só cidadão? Qual é seu objetivo com a ONG?
P: Eu faço parte da ONG junto com algumas pessoas da minha família, alguns amigos. É uma ONG que visa trabalhar com a inclusão de pessoas promover atividades que possa levar informação, no caso qual é a minha visão que para eu conseguir sucesso, êxito, conseguir meus objetivos tive possibilidades. Então o que quero fazer por meio da ONG é dar possibilidades para pessoas também enxergar os próprios caminhos, aí cada um precisa batalhar, lutar, dedicar, é preciso existir um incentivado um caminho, e é isso que quero tentar trazer com a ONG.

Blog: Fale sobre seu filme.
P: O filme foi produzido pela 'um mais um comunicação e imagem', ano passado 2013 aconteceu a pré estréia e este ano vai começar a turnê de estréia pelo Brasil, temos algumas exceções que vão acontecer no mês de OUTUBRO. É um documentário que retrata por meio de depoimentos a minha história, vou fazer parte do projeto tentando está presente em cada sessão,porque acho importante o contato com as pessoas, e fiquei muito feliz quando me procuraram para documentar a minha história.

Blog: Como o esporte pode ajudar na reabilitação?
P: Acho que o esporte é muito mais do que um simplesmente veículo que a gente está acostumada dizer um caminho. O esporte trabalha questões, como a disciplina, da garra, foco objetivo de ter uma meta isso tudo é importante para quem se acidenta ou nasce com uma deficiência, porque de certa maneira não há o que dizer, mas a gente passa por uma fase de adaptação onde esta adaptação não é somente na acessibilidade é a questão com o contato com a pessoa, quebra paradigmas para mostrar que você pode, consegue. Existe ainda um elo uma dificuldade no mundo, que é a do preconceito, o esporte quebra essa barreira , ele te coloca de uma forma diferenciada pro mundo , ele te mostra muitas vezes tão igual ou maior do que uma pessoa comum. A ideia é essa o esporte pode substituir a limitação que uma pessoa pode vir a ter, colocando outras possibilidades que outras pessoas não têm então você acaba equiparando outras oportunidades.

Blog: Como você enxerga o esporte Paraolímpico?

P: Existe um crescimento grande no esporte de competição principalmente agora que o Brasil vai sediar uma paraolimpíada Acho muito importante esporte como competição, mas ainda bato na tecla que o esporte como formação ele é mas importante, se todo mundo se preocupasse não somente com marketing, a ideia de que ele promove com a expansão de imagem, mas sim usá-lo como um veículo de inclusão um, modelo.
 Da mesma forma que um jovem precisa passar numa grade regular na escola, o esporte deveria ser uma obrigação também, porque eu sou uma prova viva o quanto minha vida mudou, tive uma reabilitação muito rápida em pouco espaço de tempo, foram três meses para eu estar independente em duas pernas que nunca tinha subido antes, por causa do esporte, talvez sem o esporte eu poderia demorar mais para ter a independência.

Blog: Quando você está no mar praticando um dos esportes, qual é seu sentimento?

P: Quando voltei ao mar pela primeira vez foi uma sensação de conseguir equilibrar as energias, eu sou uma pessoa que respeito todas as religiões, me considero espiritualizado, porque acredito em Deus. Acho que o contato com a natureza é muito importante para conseguir fazer essa relação direta. Espiritualidade plena no mar e na natureza, quando a gente encontra esse equilibro você passa ter outra concepção da vida.

Blog: Como é ser o primeiro surfista bi-amputado do Brasil?

P: na época foi uma grande surpresa, depois do meu acidente eu fiquei chocado e de repente eu era um surfista comum como qualquer outro me tornei único , eu não era convidado para nada e depois disso era convidado para surfar em outros países aquilo me chamou atenção como uma coisa que era para ser ruim se tornou boa e eu comecei a colocar na balança isso então foi uma situação muito interessante

Blog: Conte quais são os momentos marcantes.
P: São muitos: o titulo mundial de Triátlon por que foi um momento bacana, aconteceu no México em 2002. O lançamento do meu livro em 2008; a expedição super água marcou também por que tive a oportunidade de completar um grande trajeto de 400 km em 10 dias, foi algo que eu nuca achei que fosse possível; quando me tornei o primeiro surfista bi-amputado do Brasil e mais recentemente a conclusão do filme sobre minha vida, poder deixar registrado a minha história e saber que aquilo poderá de alguma forma inspirar outras pessoas.
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