Cadelinha cadeirante “conta” sua rotina na web e ganha seguidores

Por: GIORGIA CAVICHIOLLI DO R7



Há seis anos, a irmã de Patrícia Alcoléa estava viajando a trabalho e, depois de uma curva, a vida delas e de sua família, que mora em Sorocaba, nunca mais foi a mesma. Ela encontrou uma cadelinha que estava se arrastando pela estrada. Ela tinha sido atropelada e estava com vários ferimentos pelo corpo, com muita dor e paralisada.

Comovida com a situação da cadelinha, o resgate foi feito imediatamente e levaram o animal até um veterinário. As expectativas de vida não eram boas e sugeriram sacrificar o animal que não aguentaria os ferimentos e iria morrer depois de sofrer muito. Porém, as irmãs não desistiram dela e a levaram em outro veterinário. Este disse que teria possibilidade da cadela viver bem e foi nisso que elas acreditaram. A cadelinha fez tratamentos, fisioterapia e conseguiu se adaptar a nova condição: agora, ela não movimentaria mais as patas traseiras.

Patrícia começou a cuidar do bichinho e até o pai dela entrou na “onda” desenvolvendo uma “cadeira de rodas” para que a cachorra pudesse fazer passeios pela rua sem se machucar. Depois de cuidar muito bem da cadelinha, Patrícia começou a perceber que ela não seria adotada por ninguém, já que era um animal sem raça definida e especial, então resolveu ficar com ela.

Após a decisão, a vida de Patrícia foi só alegria. Ela diz que “o tempo foi passando e foi se apegando” ao jeito carismático de Alê, a “Aleijadinha”, que tinha recebido esse nome porque, como iria para adoção, na tentativa de não se apegarem, a família decidiu não definir um nome específico e esta era a sua condição. Mas como ela ficou e já atendia quando era chamada assim, eles decidiram deixar esse mesmo.

— As pessoas acham o nome pejorativo, mas não é. Para a gente é carinhoso. É a condição dela e também é uma forma de tirar esse estigma. Os humanos ficam pra baixo com qualquer probleminha, ela não. Não tem problema nenhum em ser especial.

Depois de um tempo, Patrícia teve a ideia de compartilhar a rotina de Alê com familiares. Eles sempre adoravam os vídeos e fotos da cadelinha brincalhona. Foi aí que ela teve um “estalo” e resolveu fazer uma página no Facebook para a “estrela da família”.

— É uma forma de mostrar que é possível ter um animal dessas condições. As pessoas estão sempre tirando duvidas. A mensagem que quero passar é que os animais são especiais e têm sentimentos.


O sucesso foi garantido. Até o fechamento desta reportagem, a página da Alê tinha quase 5.000 “curtidas”. Patrícia diz que não esperava tanto sucesso, mas que quer que a página cresça ainda mais e que fez também um Instagram mostrando a rotina da cadelinha especial.

— Quero poder mostrar que é possível ter um cachorro com deficiência e que eles são muito amorosos. É só ter amor que eles superam. Não vou negar que é difícil, mas é gratificante e eles dão muito amor. Só tem que se acostumar com a condição dela.

Patrícia é quem escreve todos os textos das páginas, mas diz que sente o que Alê diria se pudesse escrever nas redes sociais.

— A gente sente o que o animal está pensando. Eles não falam, mas a gente consegue perceber algumas coisas.

A dona de Alê diz que a postagem que ela acha que mais fez sucesso foi a que ela ensina como colocar a fralda dela. Como a cachorrinha não tem controle das fezes e da urina, devido a sua condição, ela precisa usar a proteção para evitar infecções e facilitar a higiene tanto dela, quanto da casa.

— Foi a que eu mais percebi que as pessoas viram que era um conteúdo diferente. Eu nunca vi isso ser discutido.

Tecnologia do Blogger.