Conheça Pâmela![2]

Geralmente faço uma entrevista com perguntas, mas a moça que eu quero que você conheça já se adiantou e escreveu do jeito dela sua história. Espero que sirva de exemplo para muitos, fiquem agora com minha amiga Pâmela...


Nasci no dia 1º/11/1989, e logo depois de ouvir meu primeiro choro e sentir que eu estava bem e protegida, minha mãe com apenas 15 anos na época deu adeus ao sonho de ser mãe e se foi para o lado de Deus.
Ela teve derrame cerebral e eu fiquei em sua barriga durante 4 horas, em estado de coma esperando chegar um médico que pudesse operá-la.
Eu nasci bem, de primeiro momento parecia uma criança saudável, logo fui levada para outra cidade para exames médicos. Depois de um mês voltei, para casa de meus avós paternos que me assumiram como filha, sempre fizeram de tudo para preencher o vazio que minha mãe havia deixado.
Passei por varias etapas de minha vida, os médicos diziam que eu seria uma criança normal, mas minha avó Arlinda (que é mãe de oito filhos) notava que eu não tinha nenhuma coordenação nas mãos e nem nas pernas. Depois de varias idas e vindas de hospitais da minha região, foi constatado que eu tinha falta de oxigênio no cérebro que afetou toda a minha coordenação motora, foi aí que eles descobriram que eu seria uma criança especial.
Enfim minha vida era da APAE para casa e de casa para a APAE dia a dia ano a ano. Até eu começar a gatinhar pela casa como uma criança bebê eu já com sete anos. Passou uns anos e eu perdi pela segunda vez uma pessoa muito importante em minha vida, meu avô João sofremos muito, pois já ficamos só nós duas. Mas nem mesmo a dor da perda fez a minha avó desisti, ela sempre insistia que eu tinha que aprender a me alimentar sozinha, tomar banho, me vestir e tentar o máximo possível caminhar.
Comecei á estudar com 7 anos, pois sempre fui muito inteligente apesar de minha deficiência, mas devido ao preconceito tanto dos colegas e das professoras tive que desistir, pois não agüentava tanta humilhação parei meus estudos na 6º série numa escola que prefiro nem pronunciar o nome.
Fiquei durante um ano e meio freqüentando só a APAE, minha família não achava justo eu uma moça tão inteligente desistir de lutar tão cedo pela vida. Foi graças á insistência de minha família que resolvi tentar mais uma vez. E dessa vez apesar do medo que senti em passar por tudo de novo, foi diferente o colégio era muito bom os professores e colegas me receberam de braços abertos e nunca demonstraram nenhum tipo de preconceito de ambas as partes.
Muitos caminhos de minha vida não foram fáceis, mas foi graças a essas pessoas que encontrei num desses caminhos que consegui concluir a 8º série com muito esforço e dedicação. Mas meus sonhos não pararam por aí não, graças á Deus estou continuando meus estudos numa outra escola agora já no Ensino Médio. A escola também é muito boa e só faz com que eu alimente ainda mais meus sonhos e nunca desista deles.
Um dos meus grandes sonhos sempre foi conquistar minha independência e graças á persistência de minha avó, meus amigos e a ajuda inesperada do pessoal do meu novo colégio consegui adquirir minha independência com a compra de um triciclo motorizado. Posso dizer que depois da compra do triciclo minha vida mudou totalmente e hoje posso dizer que será possível sim construir um final feliz para essa história que poderia nem ter começado se não fosse à persistência dessas pessoas que tenho o orgulho em chamá-los de anjos, pois é graças ao apoio e a ajuda tão carinhosa que cada uma me oferece ao longo desse caminho que tenho certeza de minhas capacidades de lutar e vencer.
Hoje eu Pâmela já com 21 anos só tenho a agradecer á Deus por tudo que tenho, pela força que ele me dá a cada amanhecer para enfrentar os muitos obstáculos que a vida me apresenta e por estar aos poucos me fazendo entender os “porquês” da vida. Agradeço á ele também pela vida de minha avó, por sua garra, força e sabedoria, por ser o alimento de meus sonhos e a grande responsável por tudo que sou, sem ela nada teria sentido.
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