Conheça Luane Soares

  
    Olá.. meu nome é Luane e tenho 19 anos; hoje vou contar como me tornei cadeirante...
  No dia 28.10.2010 , estava voltando da praia com meus amigos (Paloma e Thiago), e meu namorado (Kiko). No fim da viagem, meu amigo entrou em uma estrada que logo dava acesso à minha rua, onde geralmente passávamos, só que desta vez tivemos uma surpresa .
   Meu amigo Thiago, que estava dirigindo, acabou batendo em um poste, não sei como aconteceu, pois eu estava deitada, meia sonolenta. Quando percebi, o carro tinha se chocado no poste de leve, nem chegou a danificar muito o veiculo, porém, começou a sair  faíscas pelo retrovisor;... foi quando meu namorado disse para sairmos do carro.
  No desespero, ele empurrou o banco da minha amiga Paloma e saiu do carro que em seguida também saiu, assim como Thiago. 
    Só vi na hora que Thiago encostou na lataria do carro e caiu morto, ali na minha frente, com a boca e os olhos abertos como se fosse dizer algo pra mim.
   Apavorada, eu estava tentando sair do carro, mas, na hora que minhas pernas encostaram na lataria levei o choque , que acabou me jogando pra dentro do carro de novo. 
   Fiquei tentando levantar pra sair daquele carro mas não conseguia,pois a dor era insuportável. Fique dentro do carro levando choque por bastante tempo. Chamava desesperada pelo meu namorado e por Paloma, pedindo ajuda, mas mesmo assim eles não vinham. Foi quando o choque deu uma trégua e eu tentei me levantar.
   Quando tentei sair do carro vi Paloma  e Kiko (meu namorado) mortos. Minhas pernas estavam  totalmente deformadas e sem movimentos. E eu ali, sozinha, sem ninguém pra me ajudar.
   Sem conseguir sair do carro, continuei dentro dele, onde as descargas elétricas voltaram a ocorrer. Neste momento de desespero, fechei os olhos e pensei comigo '' vou deixar a morte me levar , agora vou saber como é morrer'' mais na mesma hora, DEUS veio em minha mente e resolvi clamar por ele... "Senhor me ajude, eu não quero morrer desse jeito, ajude e cuidar e salvar o filho que estou esperando!"... 
   Na mesma hora o choque deu uma trégua e eu tentei sair do carro de novo. Quando olho para, fora vejo  dois motoqueiros olhando tudo que estava se passando, e eu, rapidamente comecei a gritar, pedindo socorro. 
   O motoqueiro que estava do lado do carro,  aflito, me jogou um cinto e mandou eu laçar meu braço, fiz rápido o que ele me ordenou, assim foi possível eu sair do carro. 
   Graças a Deus eu estava salva, primeira coisa que fiz foi ligar para minha mãe, dizendo o que aconteceu, depois liguei para os bombeiros. 
   Desde aquele momento, eu sabia que ia precisar amputar minha duas pernas, mas isso não interessava... Pra mim, o que importava era que eu estava viva e queria continuar a viver. Faria o possível e o impossível pra continuar aqui nesse mundo e salvar meu bebê . 
   Fiquei ali por alguns minutos e o carro logo pegou fogo. Parada,  eu via ali 3 vidas perdidas,  e não eram "qualquer vidas", mas de meus amigos e meu namorado, parecia cena de Filme. 
    Isso doeu muita! Mas eu tinha que ser forte, se quisesse realmente ficar viva e salvar meu bebê.       
    O resgate chegou e me atendeu rapidamente! A dor que eu estava sentindo era demais. Cheguei no hospital gritando para eles amputarem minhas pernas, pois estava sentindo muita dor. 
   Assim fizeram, amputaram minhas pernas e depois de uma semana perdi meu bebê. 
   O que doí hoje, não é o fato de eu ter perdido as pernas e ter ficado em cima de um cadeira de rodas, mas sim falta das pessoas queridas que perdi.
  Hoje tudo mudou, Graças a Deus vivo minha vida normalmente, como se não houvesse um passado, superando limites e dificuldades que a vida me proporciona do dia para noite. 
    Desde de garota,  sempre amei jogar VÔLEI , e acabei entrando pro time da escola. Lembro como hoje,eu e minhas amigas indo treinar cedo... Não perdia  nenhum treino. Fomos pra diversos campeonatos, e tinha descendido que minha carreira seria jogadora de vôlei,'' mesmo eu sabendo que não tinha altura ".  Logo meu sonho tomou outro rumo; eu tive que me mudar de escola, e na nova escola eles não tinha uma estrutura com quadra de vôlei,  redes , bola. O professor de Educação física nunca dava vôlei, só futsal.
   Procurei outros lugares para poder treinar e continuar meu sonho... Como não achei, acabei desistindo!
   Logo depois do meu acidente, comecei a fazer tratamento no Lucy Montoro, foi onde conheci o Dr Malcon, que assim que me viu,  me convidou para participar do time de vôlei sentado, para pessoas com deficiência. Fiquei surpresa pois ele não tinha ideia do quanto eu gostava de jogar antes do acidente na escola. 
   Na hora meu coração ficou acelerado! Eu sabia que havia esporte adaptado, mas nunca imaginei que tivesse vôlei. Novamente tenho a oportunidade de tentar um dia me torna uma jogadora de vôlei. 
   Fiquei muito feliz! Depois de algum tempo minha mãe me levou na sede esportiva, pois eu não tinha independência nenhuma pra sair sozinha.  A princípio, achei que fosse difícil jogar no chão, mas depois de algum tempo, percebi que meu sonho se realizaria.
  Depois de um ano comecei  a ir sozinha para os treinos na cadeira de rodas. No primeiro dia tive medo, mas depois fui me acostumando. Agora sempre vou sozinha para a Sede Esportiva. Hoje posso dizer que o VÔLEI devolveu minha independência! 
   Adoro jogar, me dedico ao máximo, participo de vários campeonatos como paulista, brasileiro e paraolimpíadas escolares.
Meu sonho ainda não esta completo, ainda quero chegar na Seleção Brasileira!
Hoje nada me fará desistir de meu sonho; porque  sei que tudo que quero, eu sou capaz de realizar. Assim como todos !
   Temos que superar tudo, sempre com um sorriso no rosto, pois a vida é bela,  independente de quaisquer circunstâncias. Pernas são só detalhes e a vida continua ... 


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