Conheça Bruna Kroth...

   
   Prazer amigos, meu nome é Bruna, tenho 20 anos, no próximo mês completo 21 anos de idade.   
  Minha história inicia no dia 21 de julho de 1992, dia em que nasci, era uma criança totalmente saudável, até que em 1994 quando tinha 2 anos de idade, ao chegar de uma festa de aniversário comecei a ter febre muito alta, manchas roxas nas pernas e dor no pescoço (não movimentava mais a cabeça). Foi quando me diagnosticaram com meningite com vasculite. 
   A doença se manifestou muito ligeiro, fiquei inconsciente, respirando com a ajuda de aparelhos, permaneci internada na UTI e após 11 dias veio a notícia que mudaria a vida de todos para sempre: era preciso realizar a amputação dos membros inferiores(pernas) para que eu sobrevivesse. Foi muito difícil para a minha família assinar os papéis para esse procedimento ser realizado e aceitar essa realidade, não se conformavam, pois eu era apenas uma criança.
   Após 6 meses hospitalizada, retornei para casa com muitos cuidados, pois necessitava usar sondas e outros procedimentos médicos; todos tiveram que readaptar-se e aprender a lidar com a minha nova situação. 
  Imagino o quanto minha mãe sofreu, pois ela era uma jovem que veio do interior e que não conhecia quase nada, enfrentamos tudo juntas. Minha mãe me conta que eu gritava que eu queria meus pés para caminhar e para colocar o chinelo, difícil fazer uma criança entender que não tem mais. 
   Na época não se falava em acessibilidade e inclusão. As escolas não tinham um preparo para receber uma criança com deficiência. Então minha mãe largou tudo para dedicar-se somente a mim.
   A minha infância foi boa, porém sempre aceitando a rejeição de outras crianças e não podendo fazer as mesmas coisas que elas faziam, como por exemplo, as aulas de educação física e outras brincadeiras. 
   Um ano após fui para São Paulo, pois somente lá tinha o tratamento que necessitava, aprendi a caminhar com prótese dentro da água. 
   O médico indicou que eu praticasse um esporte, iniciei na natação e assim surgiu a minha paixão.  Participei de competições, ganhei medalhas de ouro e troféus, conquistei muitas amizades quando participava de competições. Esse esporte me fazia muito bem, até que um dia não consegui mais piscina para treinar e tive que deixar esse meu sonho de lado.
   A minha “pior” fase foi o início da adolescência, onde inicia a fase dos amores, dos namoradinhos, do primeiro beijo. Eu me sentia feia, horrível, não gostava de mim e todas as minhas amigas já tinham ficado com algum menino, menos eu. Após muito tratamento psicológico e após conhecer algumas pessoas, eu passei a me aceitar e ver que toda mulher tem a sua beleza, independente da condição física. 
   Mas infelizmente nem todas as pessoas percebem isso, nos olham assustados, como se fossemos coitados, dignos de ter pena. A maioria dos homens não consegue olhar para a mulher cadeirante como uma mulher, que é linda, que tem desejos, que pode se apaixonar, ser mãe de família e ter uma vida normal, mesmo com suas limitações. Afinal a beleza do ser humanos não está somente no corpo e sim nos sentimentos, no que ele proporciona e transmite às outras pessoas.
   Depois de um tempo não consegui mais usar a prótese, pois machucava muito, abria feridas, escaras e eu estava sofrendo muito, então passei a utilizar cadeira de rodas. Após concluir o ensino médio, iniciei e me formei no curso técnico em contabilidade e queria trabalhar para conquistar coisas e realizar os meus outros sonhos, porém me deparei mais uma vez com o desprezo e preconceito da sociedade. 
   Conseguia emprego, mas não tinha transporte e os particulares diziam que não poderiam transportar cadeirantes, entrei em depressão, não tinha vontade de sair, queria somente chorar, ficar trancada em casa e dormir.
   Até que um dia resolvi que eu precisava mudar aquela situação, que ficar chorando não resolveria os problemas, então fui tirar a carteira de habilitação, mas aí veio outro problema...
    Na minha cidade não tinha carro adaptado para ter aulas de direção na autoescola, era preciso ir até Porto Alegre todos os dias para fazer. Com muita persistência e esforço consegui passar na primeira prova sem errar nada. 
   Comecei a procurar emprego novamente e enviar currículos para as empresas, algumas me chamavam para a entrevista e depois diziam que não poderiam me contratar, pois eu sou cadeirante.   
    Eu estava disposta a mudar de vida, de cidade, mas foi aí que fui chamada para trabalhar na empresa que trabalho atualmente como auxiliar administrativa. Ela fica situada em outra cidade. No início paguei um carro particular para me levar, gastava todo o meu salário só com o transporte. Até que consegui financiar um carro, fiz rifa para pagar a adaptação e hoje vou há vários lugares dirigindo, me tornei mais independente.
   Com isso, iniciei o curso de graduação, estou cursando psicologia e estou adorando. Sei que futuramente poderei ajudar muitas pessoas sendo uma psicóloga. Quero trabalhar com pessoas com deficiência, principalmente no mercado de trabalho, que necessita de melhorias e pessoas capacitadas para mudar esse pensamento que deficiente não é capaz e deve fazer tarefas simples ou inferiores.   
   Somos capazes de tudo, basta querermos e ir em busca dos nossos sonhos e objetivos. 
   Eu sou muito aventureira, já fiz Rafting e Rapéu, foi uma experiência maravilhosa, uma sensação de liberdade. Eu me superei, pois achava que isso seria impossível. 
    Sempre fui apoiada por todos, além de minha mãe que sempre esteve ao meu lado também sei que posso contar com meu padrasto Arno, que junto com minha mãe me deu o melhor presente da minha vida, a minha irmãzinha Natalia. Depois que ela nasceu tudo ficou mais alegre e eu mudei muito... 
   Ano passado com a ajuda da minha amiga querida e muito especial Carla Paiva, fiz um ensaio fotográfico onde a ideia era mostrar que a mulher com deficiência pode ser sensual e linda, mesmo estando na cadeira de rodas, pode explorar outras qualidades.
   Há quase 2 anos conheci uma pessoa muito especial, eramos amigos, depois começamos a sair e hoje somos namorados. Ele ficou paraplégico após sofrer um acidente de moto. Aprendi muito com ele, pois cada pessoa tem suas limitações e dificuldades diferentes das outras. Compartilhamos experiências, momentos, ele além de namorado é um amigo e um ajuda o outro. 
   Meu maior sonho, depois de me formar na faculdade é casar e ter filhos. Amo muito ele, a minha família e os meus amigos, todos estão sempre ao meu lado, me apoiando, são muito especiais e importantes, sou feliz e tenho sorte por ter eles, são tudo pra mim, a minha base, sem eles a minha vida não teria sentido.
     O recado que deixo a todos é: Nunca desistam dos seus sonhos. Vá em busca deles, todo esforço é válido, nada vem fácil, mas não podemos desistir. Temos que nos amar e aceitar antes de qualquer coisa. E todos os dias superarmos a nós mesmos, superar nossos medos, inseguranças e o nosso preconceito em achar que não vamos conseguir e mostrar às outras pessoas que somo capazes de tudo.

Dia em que fiz Rafting com amigos, sensação indescritível 
Eu e meu namorado/amigo Rodrigo
Eu e minha irmã Natalia que amo muito
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