Como encontrei meu grande amor...


Todo mundo sonha em ser amado. Alguns desejam amores eternos, outros preferem os passageiros e intensos. Vários estilos para vários corações. Sonhos, expectativas e esperanças colocadas em prova no campo das conquistas. Cada um expõe o seu melhor, torcendo para conseguir fisgar a atenção e, principalmente, o sentimento do outro. Porém, como expor algo que insistimos em esconder?

Limitações. Eis nosso maior pesadelo. Existem algumas pessoas com deficiência que conseguem passar por cima de todos os fantasmas de suas vidas e reduzem esse vilão a pó. Infelizmente, durante muito tempo não fui assim.

Era do tipo de pessoa que não conseguia ver qualquer qualidade em mim, por causa da minha deficiência. Via meu corpo diferente, frágil, com atrofias tão diferente dos outros cheios de vida de minhas amigas no colégio, imaginando que jamais receberia atenção e o desejo que elas recebiam.

Foram tempos difíceis. Evitava espelhos e qualquer roupa que deixasse escapar alguma parte do meu corpo. Era um tormento. Pessoas teciam elogios à minha beleza, contudo não conseguia entender aquilo. Onde está essa tal beleza que me dizem?

Mesmo não me sentindo a vontade com meu corpo e depois de ser recusada por tantos, consegui me relacionar com algumas pessoas. Eram histórias passageiras que muitas vezes tornavam minha dor ainda pior. Se não ficavam, era por causa da minha deficiência. Era o que eu pensava e isso martelava em mim.

Certo dia, porém, após conquistar grandes coisas (namoro, faculdade, prêmios, emprego bacana) resolvi me encarar e questionar: se coisas boas estavam acontecendo comigo, porquê outras não aconteceriam?

Nesse dia, após um banho, parei em frente ao espelho e me encarei. Toalha ao chão, observei cada detalhe do meu corpo: rosto, pernas, pés, braços e tronco. Chorei. Respirei. Falei: agora quero ver aquela que todos dizem ser linda.

Olhei de novo e o que posso lhes dizer, amigos é o que outra pessoa estava ali.

Ok, sou magra. Muito magra. Tenho ossos saltados, pés virados, escoliose e alguns pequenos ferimentos. Mas meu sorriso é lindo. Adoro meu cabelo. Minhas mãos são bacanas, fico bem nessa posição e também nessa....

Vi uma mulher diferente, confiante, ciente de seus “defeitos” e “qualidades”. Havia descoberto meu grande amor, afinal. O tão chamado AMOR PRÓPRIO.

Foi só depois desse encontro, desse acordo de paz que fiz comigo que fui capaz de conhecer pessoas legais (alguns nem tanto, mas normal, né?) até chegar a encontrar alguém que fizesse meu coração bater diferente.

Sei o quão é difícil fazer esse acordo com a gente. Entretanto, lhes digo, é necessário. Cada um VERDADEIRAMENTE possui uma beleza especial e isso vai além de atributos físicos. O que somos por dentro, reflete no exterior. Portanto, ainda que tenham dificuldades em se aceitarem, ou vergonha de sua deficiência, se permita ser feliz consigo. Não precisa ser de uma vez, vai se descobrindo aos poucos, experimentando novos estilos, roupas, pesquise algo que te interesse. Mas não permaneçam na escuridão, há sempre alguma pessoa esperando pra ser iluminada por alguém como você.

Faty Oliveira
Tecnologia do Blogger.