Quando o amor sempre esteve ao seu lado


Na escola eu me dava bem com todos os colegas, mas depois que terminei os estudos, cada um foi para um lado e acabei mantendo contato com poucos.

Às vezes a Jéssica, que mora ao lado de minha casa, me convidava pra ir na casa dela comer brigadeiro; outras vezes ela dizia para sua mãe que ia dormir na minha casa e no meio da noite ela fugia para balada com uma turma de garotas. Eu sempre fiquei em casa, até porque, nunca fui convidada para ir junto, mas isso não vem ao caso...

A Fabi não conta muito já que é minha prima, da mesma forma, eu e ela sempre íamos ao shopping e ela me contava tudo sobre seus namorinhos, sempre gostei de ouvir e torcer por ela. Foi com ela que assisti meu primeiro filme de terror e foi comigo que ela chorou quando perdeu seu cachorrinho.

Já o Fábio, que estudou comigo na sexta série, desde pequeno nunca deixou de ir na minha casa. Passava os dias brincando, conversando, rindo, cantando, as horas sempre voaram quando estava com ele. Toda vez que íamos passear na rua ele perguntava "com emoção ou sem emoção?", antes mesmo de eu responder ele já sai correndo... Mas, por incrível que pareça, eu nunca senti medo de cair com ele.

Todo mundo costumava dizer coisas do tipo: "seu amigo não tem namorada?" ou "seu amigo precisava sair com gente normal". Até que um dia uma tia falou "bem que seu amigo poderia namorar com sua prima, ele parece um bom rapaz"...Uma raiva surgiu dentro de mim, não soube o que responder e fui me empurrando, na minha cadeira de rodas, para longe dalí. 

Dentro do meu quarto eu chorei muito, perguntava para mim mesma por que ninguém me via como namorada dele? Por que ninguém dizia que eu e ele formávamos um belo casal?. Passei dias com isso na cabeça, e todos notavam que eu estava de mal humor. Minha mãe sugeriu que Fabi -a minha prima com qual queriam que o Fábio namorasse- me convidasse para irmos no shopping, quando ela entrou dentro do meu quarto eu senti uma raiva tremenda, passei a vê-la como minha rival, mas isso durou alguns segundos até que recuperei minha sanidade e vi que ela não tinha culpa nenhuma.

Depois algum tempo, pensando ainda no Fábio, comecei a conseguir admitir para mim mesma que aquela raiva que eu sentia era ciúme. Eu simplesmente o amava, eu simplesmente sempre o amei!
  
Sem falar nada para ninguém, ainda marcamos vários almoços e piqueniques com ele e nossos amigos. Quando estávamos juntos, comecei a prestar atenção de como ele me olhava e quanto carinho me dedicava. Chegou um momento em que eu não conseguia mais disfarçar, ele notou que algo estava acontecendo e mesmo sem ele falar, notei em seu olhar que, o que eu sentia, era reciproco.

Um, dois, três anos se passaram e nossa "amizade" ainda era a mesma. Sempre um ao lado do outro, sempre ele me aquecendo do frio, sempre ele passando os domingos comigo, sempre ele me abraçando, sempre ele... sempre ele! 

No fundo eu queria contar para ele, mas ao mesmo tempo tinha medo de afastá-lo e acabar ficando sem sua companhia. Mesmo treinando na frente do espelho, escrevendo textos quilométricos, nunca consegui me declarar, o medo sempre falava mais alto do que o amor.

O Fábio já fazia parte da família, todos o conheciam e adoravam-o. Tanto que, para o casamento da minha irmã, ela o convidou para ser padrinho junto com... minha prima Fabi.

Ele me olhou surpreso ao receber o convite e pensou por um momento que eu seria o par dele, mas logo minha irmã esclareceu que eu seria a dama de honra e que seu par seria a Fabi.

É claro que isso me aborreceu, mesmo que gostasse muito da minha prima, era eu que deveria estar no lugar dela. Mas eu não podia estragar tudo, sorri e demonstrei que havia ficado feliz com a notícia, e acabou tudo bem.

No dia do casamento todas as mulheres foram se arrumaram no mesmo salão, eu e a Fabi aproveitamos que estávamos lindas e tiramos várias fotos juntas na frente dos espelhos, o vestido vermelho ficou lindo na gente e a maquiagem fez no sentir como modelos de revista. Faltando poucas horas para o casamento, e minha tia falou:
-Acabei de ver o Fábio todo arrumado, com certeza o nosso plano de juntar a Fabi e ele, vai dar certo!

Todas que estavam alí concordaram e disseram que iriam torcer pelo casal, até a Fabi sorriu de forma envergonhada dando a entender que ela também queria. Respirei fundo e assim que consegui, inventei que precisa ir pois queria chegar com calma no campo, onde seria a cerimônia.

Chegando no local, fui empurrando minha cadeira com um pouco de dificuldade sobre a grama. Do nada a cadeira ficou mais leva e percebi que era o Fábio que estava me empurrando.

-Uma moça tão fina não pode ficar se empurrando na grama, correndo o risco de se sujar!... Pra onde vamos?
-Vamos até o lago, eu preciso respirar!

Estacionou minha cadeira ao lado de um banco de frente pro lado. Sentado ao meu lado, ele pegou na minha mão como sempre fazia. Tudo que eu pensava naquele momento era que logo ele seria da Fabi e eu seria apenas a amiga do casal. Eu estava com nó na garganta de tanta vontade de chorar, mas eu não podia, o que eu diria para o Fábio?! 

Interrompendo meus pensamentos, ele começou a falar:
-Sabe, eu não sei se você notou, mas eu estou diferente nesses dias...

Assustada por não ter notado nada, olhei pra ele querendo descobrir o que ele estava querendo dizer. Será que ele também já estava interessado pela Fabi?!

- Eu tinha decidido em falar com você só depois da cerimônia, mas eu não vou conseguir entrar naquela igreja com a Fabi, e eu sei que você também não quer que eu faça isso!
-Como assim?
- Era com você que eu queria entrar naquela igreja, sempre quis... Porque eu e você que formamos um casal, não é?
-Eu acho que sim...
-Eu gosto de você, Evelize, sempre gostei. Você sabe disso!

As palavras não saíram de minha boca, a única ideia que tive foi de beija-lo.
Foi o beijo mais lindo de minha vida, não foi apenas nossos lábios que se tocaram, mas nossos corações se juntaram.

Ainda com seus braços em minha volta e com o rosto colado ao meu, ele disse:
-Vamos fugir daqui?!
-Vamos!
-Com emoção ou sem emoção?
-Com muita emoção! 
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