Conheça a história do 1º juiz cego a trabalhar em um tribunal brasileiro.




A história do desembargador Ricardo Tadeu da Fonseca é um exemplo de superação. Ele foi o primeiro juiz cego a trabalhar em um tribunal brasileiro. Para se formar na faculdade de Direito, Ricardo contou com a ajuda de colegas. E ao longo da carreira, teve que lidar com vários episódios de preconceito. Chegou a ser desclassificado de um concurso público e não passava de entrevistas, mas deu a volta por cima e consegui realizar o sonho de ser juiz.

Ricardo Tadeu da Fonseca é desembargador do TRT de Curitiba. Ele destaca que ainda não existe na sociedade brasileira um preparo para lidar com as diferenças e lembra que teve sorte de contar com o apoio de uma família muito bem estruturada. Sua mãe o alfabetizou, nos anos 60, e ele teve o apoio de professores que ampliavam as letras para ele conseguir ler. Aos 23 anos, perdeu completamente a visão. A partir daí, os colegas da faculdade passaram a gravar as aulas em fitas para que ele pudesse realizar as provas oralmente. Assim, ele se formou e realizou suas atividades profissionais.

O desembargador, que tem que julgar cerca de 400 processos por mês, conta que o braile é muito pouco útil para quem trabalha com Direito. “A literatura em braile é muito limitada e é pouco operoso para quem lida com processos. Ajuda mais para a alfabetização de jovens cegos. Cada pessoa com deficiência desenvolve o seu método”, afirma. Dr. Ricardo tem pessoas que leem oralmente os processos e ele dita as decisões.

No início da carreira, o currículo de Ricardo era sempre selecionado, mas ele não passava das entrevistas. Para mostrar que também se vê com o tato, a audição e o olfato, por exemplo, o desembargador citou um trecho da música “Choro Bandido”, de Chico Buarque e Edu lobo, que diz: “Mesmo que você fuja de mim, por labirintos e alçapões, saiba que os poetas, como os cegos, podem ver na escuridão”.

Fonte: Nação Jurídica 
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