Australiana desabafa em rede social falando das situações que enfrenta como cadeirante...


Essa semana, navegando pelo instagram, me deparei com uma foto muito impactante de uma jovem chorando. Parei por alguns minutos e notei que a foto era da australiana Ruby Allegra, uma moça que já sigo há muito tempo, que tem milhares de seguidores e que vive postando fotos sua mostrando muita atitude e determinação. Mas, naquela fotografia ela estava em prantos com lágrimas em seu rosto, e na legenda ela escreveu um enorme desabafo contando como é a sua vida sendo cadeirante.

Ela uniu em poucas palavras tudo o que as pessoas com deficiência enfrentam diariamente.Veja:


Na legenda ela diz:

(Tradução: Priscylla Piucco) Eu fui a estranha durante toda a minha vida. Ao longo dos anos na escola, em ambientes sociais, na universidade, no trabalho e até mesmo em espaços de esporte e lazer.
Vou deixar uma coisa muito clara para todos vocês: 28.000 seguidores não mudam isso. Ter 28k seguidores (pelos quais sou grata), na minha comunidade em mídias sociais, não muda a maneira como sou tratada em minha comunidade no dia-a-dia.
Não muda as encaradas e olhares cheios de simpatia que são lançados em público.
Não altera as perguntas invasivas e pessoais que são feitas quase diariamente.
Não muda as piadas e as microagressões.
Não altera a intimidade (clínica) forçada, a invasão de privacidade, a remoção da autonomia e a "ajuda" não solicitada sem o meu consentimento.
Não muda meu eu de quinze (15) anos escolhendo almoçar no banheiro em vez de ficar sozinha no quintal.
Não altera os inúmeros bares, clubes, lojas, transportes públicos, clínicas médicas que não são acessíveis.
Isso não muda o fato de eu ter apenas três (3) amigos cujas casas eu posso visitar.
Não muda o tom de surpresa dos médicos e profissionais da área médica quando digo que gosto de ser pessoa com deficiência
Isso não muda o fato de que eu ainda não vejo uma representação positiva de mim mesma em nenhuma mídia pública - e se existe, é na forma de aprovação universal da apropriação e do aumento de identidades e cultura da deficiência feitas por atores sem nenhuma deficiência.
Não é mais fácil fazer amigos e isso não muda a hesitação das pessoas em me abordar ou falar comigo.
Isso não muda os sentimentos dolorosos de isolamento e exclusão que eu geralmente sinto, mesmo em uma sala cheia de pessoas que eu conheço e amo.
28k seguidores tem pouco impacto no modo como a sociedade no geral me vê e me trata. Para a sociedade, eu sou um fardo, sou desprovida de identidade complexa, não sou desejável, nem empregável, nem sexualmente ativa, etc. Sou impotente, sou dependente e sou praticamente invisível.
Vocês todos sabem que isso não é como eu me vejo, de jeito algum.
Eu tento ser honesta e me abrir aqui, mas por favor, tenha em mente a realidade do dia-a-dia e a discriminação que existe, independentemente de 28k pessoas em um ambiente online seguro e de apoio.
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[Ruby está chorando]

A foto de Ruby recebeu mais de 5 mil likes e rendeu muitos comentários de apoio de seus seguidores.

De fato, algumas pessoas podem até achar que ela quis se vitimizar pela situação, mas eu consigo enxergar essa imagem como forma de apelo para que a sociedade perceba que já estamos cansados de passar por tanta coisa por culpa deles, e não por nós.

Assim como Ruby, todos nós não devemos ter vergonha de chorar e assumir que é difícil, mas também devemos lutar para que estas situações corriqueiras terminem com o tempo e para que isso aconteça, precisamos mostrar que isso tudo nos incomoda.

Está na hora de você dizer o que te incomoda sem se preocupar com o que os outros vão pensar!
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