"SURDOCEGUEIRA"- A deficiência que ainda é um tabu!



Oi pessoal, na época da Copa viralizou um vídeo onde um rapaz surdocego acompanhou um jogo de futebol através da libras tátil. Ou seja, por ele não escutar e não enxergar ao mesmo tempo, único modo dele entender o que o intérprete de libras dizia era tocando suas mãos para identificar os gestos do intérprete.

 Caso não tenha visto, assista o vídeo aqui em baixo:




Até então eu não conhecia a Surdocegueira e fiquei muito curiosa para saber mais sobre o assunto. E para minha surpresa, algumas semanas depois participei de uma reunião onde conheci a Fernanda Falkoski que foi convidada a participar do encontro para falar justamente sobre essa deficiência. 

Foi um momento de muita aprendizagem, percebi o quanto é importante abordar esse assunto pois existem muitos recursos que facilitam a comunicação com estas pessoas, mas por ser pouco conhecido, o poder público acaba não os oferecendo e tão pouco qualificando seus profissionais para atende-los. 

Por isso, pedi para a Fernanda explicar pra gente um pouco mais sobre essa "nova deficiência"...

Olá! Sou a Fernanda Falkoski estudante, pesquisadora e principalmente militante na área da surdocegueira. Na última semana conheci a Carol e fui desafiada por ela a escrever um pequeno texto falando a respeito da surdocegueira para o Cantinho Dos Cadeirantes. Agradeço muito a possibilidade de poder falar sobre algo que me é tão importante e desafiador, quando vou dar palestras costumo iniciar com a seguinte frase...

“10 de maio.
Hoje eu conheci uma alma.
Uma alma muito pequena, frágil, uma alma presa.
Mas eu vi brilhar pelas barras de sua cela.
No início pensei que era uma selvagem... um pequeno animal.
Mas ela estava esperando por mim na árvore.
Como podemos nos comunicar com essa menina fechada na noite e no silêncio?
Como falar com ela?
Como escutá-la?
Como será viver na escuridão e no silêncio absoluto?”
Filme A linguagem do coração, 2014

Sou membro do Grupo Brasil – Grupo Brasil de Apoio ao Surdocego e ao Múltiplo Deficiente Sensorial que dentro os 27 estados brasileiros tem representação em 18 deles, aqui no RS, atualmente, sou uma das representantes.

Seguem algumas linhas que têm como objetivo esclarecer quem é esse público. A primeira e mais importante definição foi reformulada ano passado no encontro do Grupo Brasil e trás que “Surdocegueira é uma deficiência única que apresenta perdas auditiva e visual concomitantemente, em diferentes graus, o que pode limitar a atividade da pessoa com surdocegueira e restringir sua participação em situações do cotidiano, cabendo à sociedade garantir-lhe diferentes formas de comunicação e Tecnologia Assistiva para que ela possa interagir com o meio social e o meio ambiente promovendo: acessibilidade, mobilidade urbana e uma vida social com qualidade. (Grupo Brasil, 2017)”.

Pensar em uma pessoa com surdocegueira não é pensar no somatório de duas deficiências, a visual e a auditiva, mas sim pensar em uma terceira, ou seja, a surdocegueira é uma deficiência única e não a soma de outras. 

A grande dificuldade hoje é compreender a classificação existente, fato que gera na maioria das vezes o não reconhecimento das pessoas. Podemos ter:


  •  Uma pessoa com surdez e baixa visão
  •  Uma pessoa com deficiência auditiva e cegueira
  •  Uma pessoa com cegueira e deficiência auditiva
  •  Uma pessoa com surdocegueira sem resíduos visuais ou auditivos


Esta última é a mais difícil de acontecer e por vezes pensa-se se apenas eles sejam considerados pessoas com surdocegueira. Ainda temos a distinção entre a surdocegueira congênita (a pessoa que nasce com a deficiência ou a desenvolve antes dos 5 anos de idade) ou a adquirida (aquela que a pessoa vai adquirir com o passar dos anos).

Posso citar exemplos de pessoas com esta deficiência que se destacam em diferentes âmbitos da sociedade:

 Giovana Pilla é judoca paralímpica e pessoa com surdocegueira adquirida (síndrome de Usher – baixa visão e deficiência auditiva) de Canoas – RS, tem mais de 300 medalhas em campeonatos, sua atuação se dá tanto com pessoa com deficiência visual ou auditiva, quanto com pessoas sem deficiência. 

Lara é outra pessoa com surdocegueira adquirida (síndrome de Usher – baixa visão e surdez) de Belo Horizonte – MG, que tem formação como bacharel em Sistemas de Informação pela PUC-MG e é educadora social da Feneis. Também temos a jovem Janine Farias que é uma pessoa com surdocegueira congênita (sem resíduos) de Barreiras – BA, que está na faculdade de pedagogia.

Eu e Lara estamos nos mobilizando para participar da 1ª Conferência para Jovens Pesquisadores na área da surdocegueira em Moscou na Rússia, em outubro desse ano e representar o Brasil, além de apresentar sobre os trabalhos e pesquisas que vem sendo realizados no país. 

Como nosso trabalho é voluntário, não temos condições financeiras para arcar com as despesas. Dessa forma, criamos uma vakinha online e também realizaremos um Buffet de Cachorro-quente para arrecadar fundos.

Quem tiver interesse em colaborar, seguem formas de contato: https://www.vakinha.com.br/vaquinha/surdocegueira-e-o-brasil-representados-em-moscou

Também é possível acompanhar nosso trabalho por meio da página Surdocegueira RS ou pelo e-mail surdocegueirars@gmail.com

Desde já agradeço a colaboração e atenção de todos e me coloco a disposição para mais esclarecimentos e também trocas.

Caso você tenha interesse em fazer um curso online e gratuito sobre LINGUAGEM DE SURDOCEGUEIRA, clique AQUI!
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