Faty, a nova colaboradora do blogue

 
   Olá pessoal, meu nome é Faty Oliveira, sou publicitária, tenho 29 anos e sou a nova colaboradora do blog. Minha história já foi falada por aqui e foi uma experiência super bacana (para ler minha história clique AQUI), pois conheci muita gente legal com várias histórias surpreendentes.
   Recentemente, cansada das mesmas lutas diárias pelo simples fato de ser cadeirante postei, ou melhor, desabafei um texto chamado “Quanto vale o seu respeito?”. Foi um dia chato, desses em que a vontade era de sair gritando pela rua afim de parar tudo e todos. Como não é possível nem uma coisa ou outra, escrevi.
   De repente, e porque não dizer, inesperadamente uma sucessão de comentários e compartilhamentos de amigos foram surgindo em minhas notificações. Fiquei surpresa e ao mesmo tempo entendia o que acontecia ali: fui ouvida.
   Minha voz havia alcançado outros ouvidos e foi parar em um lugar onde haviam outros como eu. Pessoas com deficiência e igualmente cansadas de tanto descaso. Contudo, não esperava (e ainda me surpreende isso) a forma que fui acolhida e como aquela história não era só minha, mas de tantos outros.
   Assim, vim parar aqui. Graças a vocês, agora tenho um espaço nessa página onde poderemos manter sempre contato. Pretendo fazer dele um lugar onde experiências serão trocadas, relatos recebidos e acolhidos sempre com muito respeito e compreensão. Não tenho intenção de propor verdades absolutas, porém dividir o que aprendi nesse breve intervalo de vida que tive.
   Espero que curtam!

Quem não chegou a ver o meu texto, segue a seguir:

Quanto vale o seu respeito?

Existem dias em que carrego uma certeza no coração: as pessoas acreditam que sou cadeirante por opção. Sim, eu creio nisso e essa certeza se confirma todas as vezes em que meus direitos são ignorados. Dá pra imaginar qual é a frequência desse sentimento, né?

Mas, ao contrário do que alguns espiritualizados possam imaginar, eu não escolhi essa vida. É sério, se pudesse teria outra. Quem acha legal viver com uma doença que te impede de trabalhar? Ou ficar sentada horas em uma cadeira sentindo seu corpo se ferir? Se existe alguém assim, por favor, não me apresentem.

Sei que não dá pra mudar essa realidade, infelizmente. Nesse caso, bora viver? Até aí, podemos levar. A gente engole uma tristeza aqui, adquire força ali, chora alguns dias pra desabafar, respira para não enlouquecer, ri dos absurdos, tira sarro das limitações e os dias vão passando. Não é que a gente ignora, apenas resolvemos viver.

Isso mesmo. Por pior que seja nossa deficiência, acredite em mim: queremos viver! E nesse caso, queremos fazer todas as coisas que vocês "saudáveis e andantes" fazem, ou seja, ir e vir tomando e sendo responsáveis pelas nossas decisões (quando tivermos cientes do que estamos escolhendo). Queremos ter acesso aos direitos universais e civis que todos vocês tem.

Contudo, pelo que vejo isso não é legal para muitos de vocês. Sei lá, parece que custa muito nos respeitar. Deixar de estacionar na vaga especial, dar a vez em uma fila, colocar rampas em estabelecimentos, adaptar banheiros e bebedouros, dar licença quando ver uma pessoa passar, dentre tantas outras coisas devem ser pesadas demais pra vocês, não é? Imagino. Afinal, só se pensa nas minorias quando se é uma delas. Caso contrário, é problema dos outros.

Pois bem, pensando nisso, tenho uma ideia: vamos criar um fundo nacional das pessoas com deficiência. Seria uma espécie de conta bancária onde cada cidadão com necessidade especial faria um depósito mensal de qualquer valor que será usado com vocês, normais, toda vez que não quiserem "conceder" nossos direitos. Exemplo: você, cadeirante, precisa passar entre mesas em um restaurante e um grupo de pessoas mesmo te vendo resolvem ignorá-lo. Nesse caso, você pega o cartão desse fundo e pergunta à eles: quanto vale pra arredarem as mesas? Faz o pagamento e pronto. Simples!

Parece bizarro? Não acho, quem sabe, dessa forma, não teremos mais sossego para seguir nossas vidas e sofrer por tantos outros motivos que não seja a deficiência? Quem sabe, um dia, o acesso será tão amplo que deixará de ser especial? Talvez, nós, brasileiros com deficiência tenhamos a oportunidade de viver nessas terras sem enfrentar tanto abuso e desrespeito aos nossos direitos.

Mas isso eu já sei... Será um dia. Não hoje.

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