Conheça Clarice...


Minha família morava na cidade de Arvorezinha, interior do RS. Eu estudava na cidade de São Leopoldo, cursando o segundo ano de faculdade de Psicologia. Estava com 18 anos de idade.
   Então, no dia 22 de novembro de 1981, numa viagem de Arvorezinha para São Leopoldo, sofri um acidente na estrada. Neste acidente houve morte e algumas pessoas ficaram feridas. Entre os feridos estava eu.
   Levaram-me ao pronto-socorro em estado de coma. Durante 19 dias permaneci na UTI - Unidade de Terapia Intensiva, em estado grave. Quando, finalmente, meu estado ficou regular, saí da UTI. Os médicos informaram sobre as sequelas: Eu havia fraturado a 5° vértebra da coluna cervical, C5 e, como consequência ficaria tetraplégica. Se sobrevivesse, sem esperança de recuperação.
   Aos poucos fui recuperando parte dos movimentos do braço esquerdo, mas a mão continuava imóvel. Apesar da lentidão na recuperação, eu estava alegre e confiante. Acreditava muito em mim e na minha força de vontade.
   A tetraplegia não é uma condição que limita somente os movimentos das pernas, do tronco e dos braços. Ela é muito mais que isso. Quem fica tetraplégico vive várias outras complicações, que envolvem o organismo todo. Trata-se de uma condição em que, por si só e pela própria força de vontade, não se poderia suportar. Mas, nessa situação tão delicada, eu pude contar com a ajuda de Deus. Ele já estava operando em mim e na minha família.
   Passaram-se quase seis anos. Buscávamos tudo que nos era indicado. Na medida de nossas condições, praticamente esgotamos os recursos que a medicina podia oferecer no meu caso.
   Eu lia muito. Li todo tipo de literatura que me viesse às mãos. Elas não ajudavam ou acrescentavam nada. Era bastante provável que, eu começasse a desanimar.
   Eu tinha algumas questões: Qual o sentido da minha vida se, fisicamente, eu não podia fazer nada? O que eu estava fazendo neste mundo? Imaginei meu tamanho nesse mundo e me senti invisível, insignificante. Ninguém me via, ninguém sabia que eu existia e se eu desaparecesse ninguém notaria.
   Mas, graças a Deus, comecei a ler a Bíblia. Fiz a minha primeira leitura das Escrituras Sagradas sem me deter, de ponta a ponta. Nessa leitura houve um versículo que me chamou a atenção: "Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o Seu Filho unigênito, para que todo o que nEle crê não pereça, mas tenha a vida eterna."(Jo.3.16).

   Comecei a meditar nessa passagem da Bíblia. Imaginei o tamanho do mundo, o tamanho do meu país, o tamanho da cidade em que eu morava e, por fim, o número de pessoas que há no mundo. Dentre essa imensidão de pessoas pouquíssimas sabiam da minha existência. Mesmo assim, a Bíblia dizia que Deus se importou comigo e deu seu único filho por amor a mim. Embora eu ainda tenha demorado algum tempo para entender, essa Palavra marcou profundamente minha vida. Foi uma reflexão transformadora, uma semente plantada na terra, o meu coração.
   Entendi que todos somos pecadores e precisamos nos arrepender. Então, busquei o arrependimento, recebi a Jesus como meu Senhor e Salvador e através de Sua Palavra tenho recebido o sustento para minha vida.
   Porque Deus permitiu que este acidente acontecesse comigo? Porque Ele me poupou a vida? Nem sempre sabemos de todas as razões porque Deus permite que coisas assim nos aconteçam. Quando a Palavra de Deus nos é revelada entendemos que Deus pode usar até mesmo as experiências mais dolorosas de nossa vida a fim de levar-nos para mais perto dele e executar seus propósitos através de nós.
   Descobri que posso caminhar com Deus todos os dias e receber a vida, a força e a alegria que dele advém. E você, pode também!

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