Conheça Leandro Xavier...




O dia começou com o cenário ocorrido na vida de muitos trabalhadores, acordei atrasado para ir trabalhar, sentei na beira da cama e pensei durante alguns minutos se iria de moto ou de transporte público. Decidi ir de moto. Após o expediente, antes de retornar para minha casa, tive um mau pressentimento, e comentei na saída com uma colega de trabalho que estava com medo de voltar para casa. Segundo o Boletim de Ocorrência, no local dos fatos tomou conhecimento que a vitima Leandro Xavier conduzia uma moto Honda Twister pela via pública (Radial Leste) sentido Centro-Bairro, quando se chocou na traseira de um caminhão que seguia no mesmo sentido. O motorista do caminhão percebendo o impacto desceu do veículo e viu que tinha um motoqueiro caído na pista, sinalizou o local e chamou o resgate, que chegando ao local prestou os primeiros socorros e o encaminhou ao Hospital Santa Marcelina de Itaquera.

No final de tarde daquele dia percebi algumas pessoas ao seu redor, ao mesmo tempo em que um bombeiro tentava explicar a ele o que havia acontecido naquele acidente. “Lembro que havia me perguntado se eu acreditava em Deus. Ao dizer que sim, me respondeu: ‘Agradeça a ele, pois você nasceu de novo’. Até então eu não acreditava que era realmente comigo o que estava acontecendo, mas me dei conta quando cheguei ao hospital”.

Com o passar do tempo, fui percebendo que as dores não existiam em meu corpo, algo estranho para uma vítima naquelas situações. Sequer sentia meus membros inferiores. Angústia e aflição. A princípio, familiares e amigos procuraram omitir o diagnóstico, certamente para não me abalar. Na verdade, todos temiam sua reação pela paraplegia. A partir daquele acidente, ele não andaria mais.

Fui submetido a uma cirurgia de mais de seis horas na coluna. Graças a Deus, realizada com imenso sucesso. Após 45 dias, saí do hospital cheio de sonhos e esperança.

Vida de cadeirante não é fácil, ainda mais para quem não está acostumado. No início, há dificuldades para executar qualquer atividade. É estranho não sentir a metade do corpo. ter que segurar a perna e movê-la com as mãos para cruzá-las a fim de conseguir se virar na cama para dormir melhor era muito complicado e tudo era novo no começo.

Através da internet conheci pessoas que estavam na mesma condição que eu e já eram independentes. Então pensei: ‘se elas podem, eu também posso, também consigo’. E a gente descobre que a cadeira não prende ninguém, ao contrário, liberta.


No início, até as tarefas mais simples tornaram-se complicadas, como calçar uma meia ou um tênis. Para aprender a ser independente, contei com o apoio da fisioterapia ou Terapia Ocupacional (TO). “Hoje não faço mais tratamento, mas sempre que posso, pego meu carro, que é adaptado, e desço para uma represa para remar, faço Cooper e o famoso ‘bater cadeira’ em ciclovias. Adoro esportes radicais, inclusive já saltei de paraquedas. Sou totalmente independente, graças a Deus”.


Ninguém sabe se um dia poderei voltar a andar. Depende da regeneração de minha medula. Enquanto isso levo a vida normalmente, mesmo na cadeira de rodas. “Faço de tudo, mas de uma maneira diferente inclusive namorar. rsrs. “NÃO SINTO FALTA DE ANDAR”.

Sou grato a todos os amigos que não mediram esforços e perderam noites e noites no hospital quando fiquei internado, inclusive o Edmilson Rodrigues, amigão de todas as horas Sou grato também a enfermeira (Maria José) que se dedicou mesmo sem remuneração, aos fisioterapeutas (Viviane Oliver) e médicos que acreditaram na minha reabilitação, e aos amigos que conheci e estão na mesma situação, Alessandra Diniz, Daniel Quartuccio, Letícia, Paulão, força ai galera.

Levo sempre em mente o que diz Tabata Contri, atriz cadeirante e Consultora de Inclusão: “Você pode tudo, basta dar o primeiro passo, ou a primeira tocada de rodas”. Ou o que dizia minha fisioterapeuta Viviane, “Só diga que não consegue após tentar 1001 vezes, se ainda assim não conseguir, insista quantas mil vezes forem necessárias”.


Tecnologia do Blogger.