Software permite a cadeirante usar expressão facial para acionar equipamento



Diz a máxima popular que o corpo fala. No caso da tecnologia desenvolvida pela startup Hoobox Robotics, da cidade de Campinas, as expressões faciais vão um pouco mais além, permitindo que um cadeirante tetraplégico possa se deslocar graças a um software de reconhecimento facial.

Nomeado como Kit Wheelie 7, o sistema de reconhecimento facial funciona com um computador de bordo, instalado embaixo do assento. Ele é conectado a uma pequena câmera posicionada em direção ao rosto do cadeirante e a um equipamento em forma de garra. Esta última recebe as imagens processadas pelo software e aciona o controle remoto no braço da cadeira motorizada.

De acordo com Paulo Gurgel, um dos fundadores da startup, são até 12 expressões faciais disponíveis para serem configuradas e sincronizadas no sistema por meio do aplicativo Wheelie 7. Cada uma fica responsável por um movimento da cadeira. O ato de sorrir, por exemplo, pode ser interpretado pelo sistema como um comando a fim de mover o cadeirante para frente. 

A tecnologia, que pode ser sincronizada com qualquer cadeira de rodas motorizada, também registra um "histórico" do comportamento facial do paciente e, ao detectar anormalidades nos movimentos - como, por exemplo, um desmaio -, emite alertas para o aplicativo.


Posicionamento de mercado

Fundada por alunos da Universidade de Campinas (Unicamp), no final de 2015, a startup iniciou suas atividades comerciais em 2016, vendendo o equipamento a um preço de US$ 3 mil.

O valor foi estabelecido em dólar por questões estratégicas de mercado. Segundo Gurgel, a empresa tinha um nicho: ex-veteranos de guerra dos Estados Unidos que combateram nas guerras do Vietnã e Afeganistão.

"A cada ex-veterano de guerra que conseguimos, em média, surgem mais três novos", afirma Gurgel, destacando também que a rede de militares nos Estados Unidos "é muito unida".

Em 2017, porém, a startup mudou o modelo de negócio, decidindo não cobrar mais pelo equipamento e implementar uma mensalidade de US$ 300 para os usuários. O empresário tem 25 assinantes atualmente e diz que até o fim do ano esse número vai passar para 50 clientes.

Embora esteja em atividade comercial apenas nos EUA, a startup pretende entrar no mercado brasileiro de forma gradual, a partir do mês que vem. A expectativa é que, a cada três unidades vendidas no território norte-americano, um equipamento será produzido no Brasil. De acordo com Gurgel, o preço da tecnologia no País para os assinantes será de R$ 100 mensais.

Para o diretor da Faculdade de Inovação e Administração Paulista (Fiap) Guilherme Pereira, o modelo adotado pela startup pode ser atraente para o consumidor no que diz respeito ao preço acessível do produto. "O grande problema [no segmento] é o custo alto para os cadeirantes, o que pode ser um impeditivo", diz.



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