Viagens aéreas para cadeirantes = Teoria X Realidade

Na imagem temos uma cadeirante sendo carregada ao embarcar na aeronave 


Por: Carol Ribeiro


Viajar, conhecer novos lugares, novos horizontes, respirar outros ares, registrar momentos únicos, maravilhoso né gente? 

Mas só de pensar em um cadeirante viajar de avião já começa a dor de cabeça. Isso pq muitos aeroportos ainda não são adaptados, os aviões são ridiculamente pequenos (fisicamente) e as próprias companhias aéreas estão totalmente despreparadas para receber esse público.

Graças a Norma NBR - 14273 que fala sobre “Acessibilidade à pessoa portadora de deficiência no transporte aéreo comercial” as coisas vem mudando aos poucos.


Esse texto tem como objetivo não só apresentar a vcs os benefícios que podemos ter em relação a viagens aéreas, como também as dificuldades que infelizmente ainda enfrentamos em relação ao assunto.

É direito da pessoa com deficiência que o aeroporto seja totalmente acessível, sem irregularidade no piso, com sinalização (para pessoas com deficiência visual), balcões, bebedouros e telefones na altura adequada para serem utilizados por cadeirantes, banheiros adaptados, etc.

O estacionamento deve ter pelo menos uma vaga exclusiva para pessoas com deficiência e a mesma deve está localizada próximo ao embarque e desembarque do aeroporto.

Em relação ao transporte do aeroporto até a aeronave deve ser através de passarela telescópica ou por sistema eletromecânico de elevação.

A norma obriga também toda companhia aérea a ter pelo menos um funcionário treinado, disponível para auxiliar a pessoa com deficiencia quando necessário, desde que o mesmo avise a necessidade de um “acompanhante” no momento da compra da passagem.

A pessoa com deficiência física deve ser acomodado em um dos assentos do corredor que tenha apoio de braços removíveis, geralmente os primeiros ou os últimos assentos do avião.

Para a locomoção dentro da aeronave, a norma exige que as companhias aéreas disponibilizem as famosas “aisle wheelchair” ou cadeira transbordo, que são cadeiras bem estreitas, próprias para passarem nos corredores apertados, são guardadas no próprio avião, caso o passageiro precise, os comissários de bordo trás até o assento, faz a transferência e prende com cinto de segurança da própria cadeira.



Na imagem temos um cadeirante passando para cadeira de transbordo
No caso das bagagens de mão elas só são permitidas caso a pessoa com deficiência não esteja sentada próximo a saídas de emergência (pq podem bloquear a saída em caso de pane), caso contrário podem ser levadas tanto embaixo da poltrona a frente ou no bagageiro, se for colocado no bagageiro o comissário fica responsável por pegar sempre que precisar, basta apertar um botão localizado no braço do assento para chamar o comissário.

Já o banheiro acessível (o mais importante para um deficiente físico) só é obrigatório em aviões de grande porte que façam viagens internacionais.

Outra informação que não está na norma, mas existe, é que nossa cadeira deve ser levada no bagageiro sem precisarmos pagar um preço a mais pelo excesso de bagagem (o mínimo né), isso se… estiver dentro dos tamanhos e pesos exigidos pela companhia aérea.


Lindo, perfeito, estamos reclamando de barriga cheia, o quê mais queremos? O problema é que as coisas só são perfeitas na teoria, a realidade ainda é beeem diferente.

Já começamos achar obstáculos ao chegar no aeroporto. Muitos deles tem sim a vaga exclusiva obrigatória, mas é bem distante da rampa de acesso do aeroporto.

Ainda encontramos aeroportos sem acessibilidade, geralmente os mais pequenos, mas gente, vamos combinar que acessibilidade para um aeroporto, por menor que seja, não vai gerar tantos gastos assim. 


Um piso adequado, com adesivo tátil para deficientes visuais, balcões, telefones e bebedouros acessíveis, banheiro acessível, só o valor de uma passagem que compramos já daria para eles fazerem tudo isso.

O transporte do aeroporto até a aeronave deveria ser através de passarelas eletrostática, super chiques, daquelas que dá até vontade de parar pra tirar uma fotinho.

Mas oq acontece? Temos que ir pela pista mesmo e as vezes tem lugares esburacados que nos obrigam a ser “empurrados” por funcionários ou comissários que não sabem lidar com uma cadeira de rodas, engancham a rodinha da frente nos buracos, muitos até seguram no apoio de empurrar a cadeira com dois dedos e o resto da mão no nosso ombro, com medo de nos derrubar.

Enfim, chegamos no avião, agora sim podemos ter conforto...só que não!

Muitas cadeiras não passam naquele corredorzinho vagabundo que tem entre a cabine e o avião, aí vc me fala, mas não tem aquela cadeira apropriada para transportar o cadeirante dentro do avião? Tem, tem sim, só que como foi dito e como podem ver na imagem elas são bem estreitas, isso quer dizer que devemos ser um padrão? Todo mundo do mesmo tamanho? Todo mundo do mesmo peso? Tudo bem que tem um cinto de segurança, mas se minha bunda não cabe no assento de que adianta cinto de segurança? Fora que muitas vezes os comissários não sabem nem onde estão essas cadeiras ou então não sabem como usa, e aí?

Aí temos que ser carregados pelos comissários, invadindo totalmente nossa privacidade️, nos deixando desconfortáveis. E banheiro? Esquece, segura o xixi aí pq não vai ser possível tá.
Na imagem temos um banheiro de avião pequeno com barras de apoio. 

E em relação aos banheiros adaptados, isso é algo bem raro, as vezes até mesmo em aeronaves que fazem viagens de longa distância não tem e vc precisa se virar
Nossas cadeiras podem ir no bagageiro, mas e se não estiverem dentro do peso e tamanho que a companhia aérea exige? Além disso, cadeira de rodas motorizadas com bateria a base de eletrólito líquido também não podem ser levadas a bordo do avião.

Nesses casos elas são despachadas, podendo chegar antes ou depois da gente, olha que legal! Ou vamos esperar dentro do avião, ou vamos ser colocados em uma cadeira maravilhosa, ou a nossa cadeira ficará lá jogada esperando a gente.

Fora isso, se os funcionários já não tem cuidado com as bagagens, imagine com nossa cadeira de rodas… Viajei uma vez e minha cadeira chegou toda ralada, isso pq foi levada no bagageiro, imagine quando são despachadas.


Isso é revoltante, temos que reivindicar nossos direitos, somos humanos como qualquer outra pessoa e devemos ter nossos momentos de lazer tbm… Devemos reclamar quando acontece esse tipo de coisa, em todos os lugares possíveis, ouvidoria de aeroporto, sites das companhias aéreas, e-mails, etc

Conte nos comentários se vc já teve alguma experiência do tipo.
Se tiverem alguma dúvida sobre o assunto por e-mai cantinhodoscadeirantes@hotmail.com que irei tentar respondê-los.
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