Padrão de beleza X Deficiência


Por Sandra Mara

Olá, queridos leitores,
Quando eu vejo programas na televisão que apresenta looks, ou folhando um catálogo de um produto, venho a pensar:
Onde estão as pessoas com deficiência? Porque num país que defende tanto á inclusão, só utilizam modelos com deficiência quando é para falar da própria deficiência, ou em desfiles que visam apresentar roupas para facilitar a vida dos deficientes, entre outros...

Será que para os publicitários existimos? Pois saibam que nos existimos sim e consumimos como qualquer outra pessoa. Nós nos alimentamos, usamos produtos de higiene, maquiagem. Então porque não somos chamados para fazer propaganda?

Algumas crianças têm o sonho de ser modelo e para realizar o sonho dos filhos, os pais procuram uma agência de modelo, mas quando essa criança é deficiente. O que fazer?

Aconteceu isso comigo. Eu tenho paralisia cerebral, era alucinada para ser modelo. Minha mãe, me levou numa agência, mas a dona não me aceitou e argumentou que eu era linda, mas eu não tinha o padrão de modelo. Esse fato ocorreu quanto tinha uns 16 anos e hoje tenho 36.

Após 20 anos, a sociedade está mais evoluída e buscando cada vez mais a igualdade. Por conta desse fato, nós cadeirantes estamos conseguindo conquistar nosso espaço e vendo a nossa sociedade deixando de lado o preconceito. Infelizmente, mesmo com essa mudança, ainda estou sentindo que os produtores de propagandas e da moda, estão com dificuldade de desprender do paradigma de que as modelos precisam ter um corpo perfeito.

Não entendo o porquê é tão raro vê uma participação de um deficiente em um comercial convencional e no desfile apresentando roupa e outro produtos. Existem milhares de pessoas com deficiência que têm o desejo de participar de gravações de comerciais, e dos desfiles.

Tivemos em 2009 a iniciativa da Moda Inclusiva, da Secretaria de Estado dos Direitos das Pessoas com Deficiência, e aos poucos estão começando a esquecerem o tabu da moda, mostrando que um modelo não precisa ter o padrão de antigamente, abrindo as portas do mundo da moda para pessoas com deficiência.

Os estilistas e o produtores de eventos devem se adequar mais a nova era de modelos, por essa razão eu estou realizando meu sonho desde adolescente de desfilar. Fiz dois desfiles. Primeiro foi para uma certa marca de roupa, na qual ocorreu no bazar beneficente e no outro, para um estilista que faz roupa adaptada no desfile do Fashionmod.

Não consigo descrever minha sensação quando entrei na passarela, só sei de uma coisa meu olho encheu de lágrima e meu coração disparou. Quando ouvi apresentadora falando meu nome. Nos dois desfiles tiveram uma mistura de modelos convencionais e com deficiências.

A marca de calçados Nanda Manu lançou seu catálogo com a coleção outono/inverno de 2004, em Goiânia, Goiás. Para apresentar a nova campanha: Brasileira da cabeça aos pés, contratou uma modelo deficiente. Afirmando que, é sim, possível fazer um belo trabalho de publicidade envolvendo pessoa com deficiência, sem apresentar algum tipo de adaptação.

Vamos continuar mostrando para os produtores de eventos e estilista que não tem a necessidade de ter padrão de modelo de antigamente, nós deficientes também podemos ser talentosos igual uma modelo convencional.





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