Conheça Myrna...

 

   Olá a todos! Sou Myrna Raquel, tenho 23 anos e estou aqui para falar um pouco de mim. Eu nasci com mielomeningocele que é um defeito congênito que afeta a espinha dorsal. E sou cadeirante. Desde os primeiros momentos de vida tive que fazer várias cirurgias e ficar um tempo na UTI, somente após esse período pude ir para casa.
   Falar da minha infância é meio nostálgico para mim, já que só tenho lembranças realmente muito boas dela! Compreendo hoje em dia que tudo que minha família fez por mim ao longo da minha criação sem dúvidas foi o melhor que poderiam ter feito, mas eu sei que é muito difícil educar e criar uma criança, sendo “especial” ou não, por isso agradeço a todos por tudo.
   Por volta dos 6 anos de idade eu tive o primeiro contato com a cadeira de rodas, antes eu me locomovia pelo chão e ia de colo em colo. Não me lembro bem seu eu questionava o porquê de não andar como as outras crianças, mas eu já entendia que aquele era meu modo de locomover, e era feliz assim. A chegada da cadeira não foi bem vinda, lembro-me que no início não queria estar nela, mas com o passar do tempo acabei me acostumando. No período escolar sempre tive muitos amigos e sempre fui bem aceita, lembro que faziam briga para saber quem iria empurrar a minha cadeira primeiro!!

   Com o passar dos anos e a chegada da adolescência a sensação de estar na cadeira novamente me incomodava, agora com bem mais intensidade, já que estar nessa fase da vida é bastante diferente da infância, visto que o corpo e mente desenvolvem-se e naturalmente elaboram-se pensamentos que a cabeça de uma criança não tem a maturidade de concatenar.
   Sempre tive uma vida confortável, estudava em uma boa escola, tinha amigos ótimos, família amorosa e tinha coisas da moda, como toda garota “normal”. Mas, eu sabia que apesar das coisas boas que eu tinha a insatisfação era quem reinava diante de tudo, o olhar para o que não tinha, quem eu era e o que não poderia fazer era bem mais forte. Muitas vezes, muitas vezes não... Eu nunca demonstrei nenhum tipo de insatisfação a ninguém, nunca fui uma pessoa dita triste! Sempre fui muito divertida e simpática (sim, sim, a humildade nessas horas tem que ser deixada de lado e a verdade tem que ser dita!). Saía muito naquela época! Sempre ia à shows, casa de amigas, churrascos etc... 
   No final da adolescência a maioria dos jovens faz uma escolha de grande significado na vida, a escolha de uma profissão. Então, nem sei bem entender o porquê fiz a minha: PSICOLOGIA. Olha, confesso que no início não depositei muita fé nisso pensava internamente: “Eu não consigo nem me entender vou tentar entender os outros?!” 
    Os 5 anos que passei na faculdade me fizeram mudar muito, tanto que antes eu me negava a ir a um psicólogo para fazer minha própria terapia, mas, ao entrar no curso eu senti a necessidade de ir a um, não porque queria falar de minhas dificuldades ou seja lá o que for... Mas sim, por pura curiosidade e interesse acadêmico! (Assim eu pensava né... kkkk). 
    Depois fui percebendo o quão bem me fez estar ali, naquele espaço acolhedor...Um espaço que pude FINALMENTE olhar para mim, olhar pra minha realidade que eu não queria enxergar de jeito nenhum e falar tudo que estava entalado na minha garganta! Fazer terapia sem dúvidas ajudou por demais, mas o que foi decisivo foi o ano de 2012, último ano de curso.
      Esse ano foi, em grande parte, complicado na minha vida pessoal por inúmeros motivos, mas se eu não tivesse passado por ele, certamente não seria quem sou hoje. No último ano de curso é que colocamos em prática tudo que aprendemos em teoria e através disso pude atender diversas pessoas de mundos totalmente diferentes do meu. Foi aí que percebi através dos relatos que muitos de nós criamos barreiras e bloqueios em nossas mentes fazendo com que os mesmos tornem-se reais em nosso dia-a-dia. O ser humano faz isso, EU estava fazendo isso! Acolhendo todos os meus pacientes/clientes fui crescendo profissionalmente e pessoalmente e esse crescimento resultou na leveza de meus sentimentos e pensamentos e boas coisas aconteceram em minha vida, coisas que eu não acreditava que um dia iriam acontecer. Só entrando em contato com o outro pude entrar em contato comigo mesma.
   Atenção! Não estou dizendo para você, caro leitor, que tem alguma deficiência, que você TEM que fazer o curso de psicologia NEM TEM que fazer terapia!!!! Ambas foram escolhas minhas e essa é a minha história de vida, essas escolhas me ajudaram a superar muitas coisas, mas cada um pode encontrar sua forma de lidar com a sua situação, seja através da terapia ou não.
   Diante do que pensava e acreditava hoje eu percebo que tudo que eu quiser conquistar em minha vida nunca vai ser da mesma forma ou igual à de outras pessoas. Sabe por quê? Todos nós somos seres únicos, temos nossa história, nossa vida e formas de pensar distintas e é óbvio que teremos caminhos e formas diferentes de concretizar o que queremos. 
   Não é porque eu não ando que isso me impede de fazer algo ou ter, eu entendo que todos elaboram estratégias, jeitos e formas para ter ou fazer o que quiser e alcançando a felicidade da mesma forma. 
     Se eu pudesse te dizer algo eu diria, FORÇA, porque não é fácil, nós sabemos nossas dificuldades diárias, vontades, tristezas e dores, mas acredite, só VOCÊ pode trilhar o caminho aonde quer chegar. Estou em uma profissão muito abençoada, eu espero que ao longo dos anos eu enquanto profissional possa estar acolhendo diversos mundos e ajudando-os de alguma forma. Eu também vou colaborar com o blog daqui para frente, espero poder contribuir de alguma forma com todos que lêem! Muito Obrigada!


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